segunda-feira, 10 de março de 2014

Quando sai o sol

Eis que tem feito dias bonitos por cá. Mas assim bonitos mesmo de doer o coração e olhem que ainda vamos ali na beiradinha do inverno! Até o fim de semana do Carnaval estávamos sob o pior tempo ever: chuva ininterrupta, nevoeiro, granizo, frio, o mar todo maroto invadindo a marginal. Então, depois da quarta-feira de Cinzas, o sol saiu e temos vivido acima dos 20ºC. Amoramoramormuitoamor. Com uma temperatura dessa, a mãe (que andava há muito trancafiada em casa, contendando-se em ir à janela ver o movimento) pira. Já tinha prometido a mim mesma e a Malu: "Quando o tempo melhorar, vamos dar uma volta. Assim, as duas sozinhas. Caminhando e cantando e seguindo a canção". 

Daí que veio o sol. Ai que bom. Olha, fico até bem disposta. Vou dar um jeito nessa casa. Acabou o primeiro dia de sol, nada de Naruna e Malu saírem de casa. Como eu sou o tipo de pessoa que toma coragem na sexta, decidi: é hoje. Já disse aqui que tenho super o hábito de sair sozinha com a gordinha, mas vejam só, sair sozinha = levá-la ao médico de táxi e voltar pra casa. Sad life. Sair para um passeio despretensioso à pé significava também levar o carrinho monstro dela para um despretensioso passeio à pé. Sim, porque são 9,100kg, né, minha gente? Atualmente, só estamos com o sling de argolas. Calculem. Como ela já tá grandita e fica na posição de lado (aka escanchada. Alôu Piauí!), não consegue relaxar e dormir, aí já teríamos outro problema. Então, o melhor era levar o carrinho mesmo e pronto. Põe tudo na mochila, checa tudo que colocou na mochila, troca de roupa, leva casaco ou não?, "filha, meia não é pra comer", José no Facebook : "Cuidado com as escadas", bota bebê na cadeirinha, desencaixa cadeirinha do carrinho, desmonta carrinho, tchau Meg! Primeira etapa concluída com sucesso: estamos do lado de fora do apartamento. Só temos de descer 2 andares de escada e voilá: rua. 

Como boa mãe esperta, corajosa e das quebradas que sou, descia um lance de escadas com Malu na cadeirinha, corria, voltava e buscava o carrinho off-road-tração-nas-3-rodas. 15 minutos para descer, sei lá, 60 degraus. Beleza. Fase ultrapassada. Agora é tudo 5 estrelas. Remonta carrinho. Encaixa cadeirinha. Coloca protetor de sol. E vamos ao passeio primaveriiiiiiil, Maluzinha! ...CATAPLOFT...Caímos. Caímos as duas na descida dos dois degraus que separam o hall do prédio da rua. DOIS DEGRAUS DEPOIS DE DESCER SESSENTA E SOBREVIVER. Imaginem a cena: a cadeirinha quase desencaixou, ficou meio torta, vi Malu de bunda pro ar, porém seguríssima pelo cinto. Não sabia se segurava a cadeira, se falava com ela, se tentava me recompor, se segurava o resto do carrinho. Felizmente um casal que estava ao lado da porta (se pegando), veio nos ajudar. Mais felizmente ainda, Malu não sofreu um arranhão, só viu o mundo ficar ligeiramente de cabeça para baixo e ficou com os olhos arregaladíssimos, mas não chorou nem nada. A única coisa ferida foi meu orgulho mesmo. Pensei em subir pro apartamento imediatamente e ficar em posição fetal remoendo a minha burrice de não deixar pra montar o carrinho quando não houvessem mais degraus a descer. Agradeci ao casal num fio de voz, morta de vergonha, me sentindo a mais menas das menas. "Tá bem, filha? Foi só um susto tá? Mamãe tá aqui". Acho que estava consolando mais a mim mesma do que a ela, que olhava pra rua muito satisfeita. 

Eu podia ter voltado pra casa. Podia. Mas nããããão, eu continuei. Catei os cacos da minha vergonha do chão e fui embora. Não sei porque liguei pro José e contei do incidente. Já sabem o que ele disse, né? "Eu falei pra ter cuidado nas escadas mimimi" "Foi só um susto. Tchau. Estamos ocupadas sendo lindas sob esse sol maravilhoso da Euró-pah".

E fomos nós conversando e sacolejando pelas ruelas da Baixa do Porto enquanto eu pensava aonde ir. Já falei pra vocês que sou taurina. Já falei que preciso de segurança. Segurança nesse caso quer dizer um lugar para trocar fralda porque aprendi a duras penas que Malu não aceita ser trocada em qualquer tampa de privada. Então resolvi eleger como porto seguro o shopping ~~das proximidades~~ que eu já sabia ter um fraldário de jeito. Teria que ir lá mesmo comprar os nossos maiôs para a aula de natação da Malu (Siiiiimmmmmmmmmmm! A moçoila da água veio, para a água voltará. Próximo post vai ser sobre isso).

Passeio vai, passeio vem. Eu besta sem saber se botava manta, se tirava manta. As pessoas passando e falando "ai que coisa mais gordinha". Malu no seu babababa infinito. Aquele clima de primavera no ar. Tudo muito bom, tudo muito bem. E então ela dormiu, melhor ainda. Daí começaram a me parar para: pedir ajuda para instituições, pedir esmola, pedir informação porque empurrar carrinho de bebê = ter um coração mole.

Opa, Malu acordou. Reclamou. Hora de mamar e trocar a fralda. "Ai que eu sou espertíssima. Só pegar aqui um elevadorzinho e já está. Fraldinha trocada". Mas obviamente que como estava eu sozinha, a lei de Murphy resolveu providenciar aquele cocô explosivo que por muito pouco não escapou da fralda. Fichinha. Estamos acostumadas com estes (em casa). Bebê no colo para evitar "esparramamentos", tento desenrolar  e destacar um bocado de papel protetor com uma mão. Saiu todo amarrotado, parecendo que foi rasgado, mas dava pro gasto. Deita Malu no trocador, separa a fralda, os lenços. "FILHA, QUE QUE É ISSO NA TUA BOCA?". Tava se lambuzando com o pedaço mal destacado do papel protetor. Sem pânico.  Ela não engoliu nada. Fim da estadia no trocador. Compramos os maiôs. O sol já começava a ir embora e era melhor voltar pra casa. 

Volta tranquilíssima. Eu já pensando que essa saída podia render um post..."Espera...como eu saio daqui?". Metade do centro do Porto está sempre em obras e eu, sabe-se lá como, me enfiei com carrinho e tudo em um cercado sem saída onde só haviam máquinas trabalhando. Imaginem. Reflitam a cena. Os trabalhadores com aquela cara de Q, as pessoas que passavam se questionando "mas pra onde aquela louca vai?". Só me dei conta mesmo que não tinha saída quando rodei, rodei com esse carrinho e nada de ver um buraquinho aberto. 180º depois, achei por onde retomar meu rumo. A cara queimando de vergonha de novo. E a Malu "babababababababa".

Celular toca e é o José. "Tudo bem por aí?" "Tudo óóóóóótimo. Estamos passeadíssimas e voltando para casa".

Chego na rua do prédio e os vizinhos começam a me acompanhar com o olhar, certamente esperando uma desgraça. Mas eu vim, resplandecente e esplendorosa empurrando o carrinho. Estacionei-o na porta, tirei a cadeirinha, desmontei o carrinho e transportei tudo sem afobação, uma coisa de cada vez. Lindíssima, com meu look Zara, fechei a porta e deixei os fofoqueiros apenas de queixo caído. Porta fechada. Chutei o carrinho pra um canto, subi com a Malu na cadeirinha e mandei mensagem pro José: "Quando chegar, sobe com o carrinho. Ficou escondido embaixo da escada".

Lição de hoje: Yes, I can. Mas não sou nem obrigada.


8 comentários:

  1. O caminho faz-se caminhando... e tropeçando em escadas. Tem cuidado, neguinha!! :P

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  2. É a parte do aprendizado :)
    E ó, tá fofucha demais essa Malu... Venham a Lima um dia, convidadíssimos! bjs

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    1. A parte dura do apendizado!
      ahahahahahah
      E digo o mesmo: vocês convidadíssimos para virem cá!

      Beijo!

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  3. Hahahahahhaha guriaaaa, quase me mijei rindo!!!! Eu também nao tenho elevador, mas posso deixar o carrinho na entrada, só que tem uns malditos degraus antes de sermos livres, que também geram muitas cenas tragicômicas! Tem que virar polvo e carregar trocentas coisas de uma vez só, e sim: tem sempre que pedir pro pai subir algo que ficou lá embaixo, prender o cadeado do carrinho, etc...Beijos proceis!

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    1. ai, esses prédios, viu?
      pelo menos fazemos um baita exercício toda vez! ahahahahahahaha
      beijos!

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  4. Hahahaha! É claro que o "tá tudo bem, mamãe tá aqui" foi pra ti e não pra Maluzinha! Olha, é como eu sempre digo: não se preocupe que do chão não passa! Mas vale ter mais atenção, pra descer, subir passar pro obras...
    Boa sorte no próximo passeio-aventura!
    Beijos, Rita

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    1. ahahahahahaha
      pois...eu, no geral, sou atenta com essas coisas, mas acho que estava muito atarantada por andar sozinha. enfim, to vacinada agora. ahahahaah

      beijos!

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