sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Deixem as grávidas em paz! (e as mães também)

Essa semana eu estive à conversa com uma amiga que está na reta final da gestação. Entre os assuntos de sempre (parto, cansaço, nervosismo), ela queixou-se que estava extremamente chateada com os comentários que as pessoas fazem sobre o aspecto dela enquanto grávida. Pensei um bocado e reparei que essa é uma questão recorrente. Não por acaso, passou-se aquilo da Fernanda Gentil, apresentadora que está grávida de dois meses.

Sempre tem um, dois, dez engraçadinhos que vêm com aquela pergunta e/ou comentário cheios de más intenções. "Quantos quilos tu já engordou, mulher?" ou "Nossa, que barriga peluda!" ou "Que barriga pequena! Tem certeza que já tem 7 meses?" ou "Ow, tua cara tá ficando manchada..." e ainda "Mas se tu engordar demais vai ser difícil emagrecer depois...". Caras...CARAS, a sério, é muito difícil ser agradável com uma pessoa que está fabricando uma vida? Assim, só uma pergunta inocente. É complicado encontrar uma grávida e perguntar se ela está bem, se está feliz ao invés de comentar as possíveis manchas que ela venha a ter? Dói muito desejar as maiores felicidades e não perguntar sobre os quilos ganhos? Assim, só pra saber.

Nós estamos presos a estereótipos tão cretinos de beleza que esquecemos de todos os outros contornos que a vida real tem. Grávida engorda sim, sejam 3 ou 30 quilos, e creio que só ela tenha a ver com isso. Não sei se vocês sabem, mas são 9 meses de reações químicas e hormonais, um corpo inteiro focado em funcionar minimamente bem e ainda produzir outro na maior perfeição, nos mínimos detalhes. Padrões anoréxicos sem celulites não entram nessa composição, quer vocês queiram ou não.

Eu engordei 22 quilos durante a gravidez. Apareceu uma estria na barriga, outras nas mamas. Ganhei mais pelos, as axilas escureceram um bocado. Se eu gostei? Achei péssimo. Não foram raras as vezes que me olhei no espelho e chorei de raiva. Mas também não foram raras as que analisei bem e achei que meu cabelo estava ótimo e que a minha cara brilhava mais que uma lua cheia. Na maior parte do tempo, comi o que quis comer, estiquei as pernas no sofá ao invés de fazer hidroginástica e não passei óleo na barriga por pura preguiça. Depois do parto, chorei mais um bocado com aquela barriga estranha, contei os dias para ter o meu "corpo de volta". O tempo passou, emagreci (mais por causa da recém descoberta tireoidite do que por outra coisa), comemorei o feito, chorei as pitangas com o peito visivelmente maior do que o outro. O tempo passou mais um bocado e só agora percebo. O corpo não volta. Não há volta possível. Eu tive uma filha. Ela esteve aqui dentro, foi feita pedacinho por pedacinho e depois saiu. O corpo moldado durante 9 meses para acomodar uma vida nunca mais voltará, nunca mais será o mesmo. Não só por causa das estrias, das celulites, das marcas todas. Nunca mais será o mesmo porque o corpo de antes não era um corpo grávido.

Vejamos mais a beleza no sorriso nervoso daquelas mulheres, na comemoração que elas fazem com os primeiros movimentos do bebê. Vejamos mais a beleza de um ventre preenchido. Esqueçamos os valores, os pesos, as medidas.

Enquanto você toma o seu suco detox desta semana e aponta defeitos na grávida, o corpo dela prepara uma festa silenciosa chamada vida. Enquanto você critica a recém mãe que anda descabelada e continua 15 quilos acima do peso, ela descobre os cheiros, os sons, os trejeitos da vida que fabricou.

Deixem as grávidas em paz, e as mães, e os bebês, e todo mundo. Vivamos. A beleza é muito maior do que o número que vestimos.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Precisamos falar sobre a febre

Vocês leem os posts que transpiram tranquilidade, com o modo "deixa a vida me levar" ligado e devem pensar "Nossa, como a Naruna é calma, super de boa, relax..."...porém não, hein, minha gente? Há duas coisas com que eu sou bem psicopata: alimentação e febre. Sobre a primeira, um dia eu volto a falar. Hoje o foco é mesma essa segundinha aí, essa fulaninha aí. 

As correntes homeopáticasantroposóficasrelaxosóficas podem dizer o que quiserem, mas eu tenho um certo pânico de febre. Sei que é um resposta normal do corpo aos invasores de treta. Eu já li, pesquisei, meditei e percebi muito em relação, só que não adianta. Ajo calmamente enquanto o meu interior trava uma batalha entre não baixá-la a todo custo e achar que é melhor medicar logo antes que suba demais. 

Se formos falar de febre por febre, a primeira vez que a Malu fez uma foi ao tomar as vacinas dos 2 meses. E pronto, essa eu desconto. Aliás, desconto todas as que sejam em decorrência de vacinas porque, vejam bem, eu sei a causa. Não medico, não surto. Deixo ela fazer o seu trabalho. 

No milionésimo episódio febril: só o colo salva
Com 3 ela teve uma bronquiolite. O quadro foi outro. Imagine acordar de madrugada com o bebê gemendo, colocar o termômetro e aquilo apitar 40,5ºC. Já narrei tudo aqui com a devida dramaticidade. O atendimento dela nas urgência esteve focado em fazer ceder o raio da febre que não ia embora por nada, para preocupação das enfermeiras e meu desespero. Creio que foi nessa altura em que fiquei traumatizada. Os outros sintomas pareciam menores, tanto que eu sequer os tinha percebido. A febre, para mim, era a doença, o mal, a causa da internação. 

Passado o susto, foram largos meses sem nada. O termômetro sempre a marcar 36,7ºC, 37ºC, no máximo. Como é doce a vida...como foi...até outubro, quando foi aberta a temporada de doenças 2014/2015. Desde então, ma friends, já perdi as contas de quantas vezes a febre veio. Sabem o que me deixa mais tensa? É que ela vem primeiro, anuncia que dias de tormenta estão a caminho. Geralmente, só quando ela cede ou passadas umas boas 24 horas é que conseguimos saber qual a moléstia da vez. Até lá..."será que é pneumonia? será que é catapora? meu deus, será que é febre aftosa?" e, felizmente, têm sido só aquelas viroses estúpidas e uns resfriados, uns 157 resfriados. Com esse vasto leque de bichezas, a Malu já teve febre baixa, mas que a deixa completamente abatida, a febre que só a deixa abatida quando passa dos 39ºC e aquela que chega aos 40ºC com ela completamente elétrica, tudo isso dependendo muito de como o organismo dela está e o tipo de vírus que veio dessa vez.

Devo surtar muitas vezes ainda, mas, como disse, aprendi coisas que me fizeram tentar encarar isso da forma menos louca possível. Então, deixo aqui alguma dicas:

- É bom avaliar a temperatura sempre na mesma parte do corpo. Se for na axilas, mantenha. Se for no rabinho, mantenha também.

- Eu avalio sempre via retal e, vejam bem, é uma temperatura mais alta do que a real. Pode variar de 0,3ºC a 1ºC. Dou um desconto de 0,5ºC. Então, para mim, só passa a ser febre acima dos 38ºC. Os últimos médicos que nos atenderam só têm considerado a partir de 38,5ºC (O que deixa fumaçando! Como assim a criança tem 38,1ºC há 3 dias e eles desconsideram????)

- Cuidado com a medicação, até porque ela pode mascarar os outros sintomas e retardar um diagnóstico. Só recorro a esse recurso se estiver muito alta ou se ela estiver muito abatida.

- Pés e mãos frios durante o estado febril são normais! Eu não sabia disso e achei que fosse sinal de uma convulsão. HAHAHAHAHAHA O que acontece é que a febre faz um caminho pelo nosso corpo e o último lugar em que ela chega é nas extremidades. Se estão frias é porque o caminho não está completo e ela ainda vai subir.

- Banho frio não! No máximo, 2ºC abaixo da temperatura do corpo do bebê. Não que eu ande medindo temperatura de água..pfff...Deixem-na tépida. Água gelada em corpo quente (além de ser uma tortura filha da mãe a qual fui submetida várias vezes na vida) é risco grande de choque térmico. A temperatura pode descer bruscamente também e aí sim, vir uma convulsão.

- Compressas mornas na testa, nas axilas e virilhas ajudam a fazê-la baixar. Nada de álcool.

- Hidratar é super importante! A febre desidrata. Oferecer líquidos sempre.

- Deixá-la com menos roupa quanto possível pra temperatura não subir muito

- Avalie o estado geral da criança. Febre acima de 39ºC em um bebê com menos de 6 meses é médico. Sem desespero, mas médico. Nos maiorzinhos, é bom prestar atenção no surgimento de outros sintomas. Às vezes até o excesso de roupa faz a temperatura subir demais. 

- E calma, né, gente? Isso é pra vocês e pra mim também que ainda estou aprendendo a ser menos febrofóbica. Acho que no dia que ela, sei lá, deslocar algum osso ou tiver uma hemorragia nasal vou achar que a febre não era nada demais. Não que eu prefira que aconteça isso...não...não...UM OSSO DESLOCADO NÃO! MALU, NÃO! 


segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

16 meses e o ano que foi

2014 foi meu primeiro ano "mãe", de janeiro a dezembro, integralmente, full time, fins de semana, feriados, horas extras. E pronto, os outros a seguir também o serão porque não posso chegar pra Malu e dizer "Eu me demito!". Nem quero. Mas 2014 foi o primeirão, o primeiraço, o pioneiro. E foi, sabem. Foi.

Que eu me lembre, não esperava muito. Esperava estar aqui para ela, para nós e para contar a estória. Aliás, se há algo que mudou bastante para mim com a maternidade foi a geração de expectativas. Desde que engravidei, elas andam muito próximas de zero. E não levem isso a mal! No meu caso, é ótimo! Cinco estrelas mesmo! Ora vejam bem, eu sou Touro com ascendente em Touro, logo, gosto de segurança, dos dois pés bem assentes no chão. Os pés. Porque a cabeça voa, vai embora, sonha. Não contem a ninguém, mas eu conhecia um fulano em um dia e no outro estava completando o nosso álbum mental de casamento. Não contem, tá???? Então, eu engravidei e ansiosa foi o que eu menos fui. Levei tudo nas calmas, literalmente empurrei com a barriga. Não quis saber com quem a Malu pareceria, se teria os meus olhos ou a boca do José, se seria chorona ou sossegada. Ela nasceu e, eu nunca imaginei, mas saiu-me melhor do que encomenda. Tinha ela uma semana e vinham as perguntas "Mas será que os olhos dela ficarão claros?" "Será que o cabelo vai ficar como teu?". Quero lá saber, gente...curtam o momento! Malu cresceu, continua a crescer e eu não faço ideia que cara ela vai ter quando tiver 2 anos ou como vai ser quando conseguir formar uma frase. Não sei, não faço ideia, nunca me peguei pensando nisso. Acho que estive muito ocupada aproveitando a Malu de hoje que pode não ser a mesma de amanhã.

É basicamente isso. Ela me trouxe para o presente. Não quer que eu faça álbum mental de casamento, não quer que pense como ela ficará com o uniforme da escola, não quer que eu pense que curso ela vai escolher na universidade. Ela quer que eu sente no chão agora e leia o livro dos bichos pela sexta vez. 

Mas eu penso no futuro, claro. Penso quando tento adiar ao máximo a introdução das ditas "guloseimas", quando não nego o colo, quando atendo o choro, quando valorizo o encaixe de duas pecinhas de brinquedo que ela fez com tanto custo, quando rio junto. Estar no presente e presente é, de certa forma, pensar no futuro também.

Creio que não parei de gerar expectativas de todo. Parei de gerar as expectativas erradas, as expectativas errantes. 

Dia 31 fizemos 16 meses para encerrar o ano. O nosso primeiro ano inteiro juntas, de janeiro a dezembro. Que venha 2015, como ele tiver de ser. Nós daremos um jeito.