quarta-feira, 2 de outubro de 2013

1 mês da Malu(ca)

Virei, remexi, digitei, apaguei, digitei de novo, apaguei e não consegui achar forma sensata de escrever um post comemorativo do primeiro mês da minha bichinha. Talvez porque ontem, no dia exatinho do seu mesaniversário, ela esteve impossível e nervosa, arrancou-me um tufo de cabelo e sequer me deixou tomar banho. Estive/estou exausta. Uma exaustão insanamente boa.

Podia então dizer pra vocês que nesse mês a única vez que chorei foi quando ela, pela primeira vez, fixou os olhos nos meus por uns segundinhos. Tinha lá seus 15 dias. Foi como uma lufada de ar fresco na cara. Senti uma queimação que começou no peito, passou garganta acima e verteu em forma de valentes lagriminhas. Podia dizer que ela descobriu que polegar e boca são uma combinação perfeita e que eu deixei algumas vezes porque fiquei enternecida. Depois resgatei meus culhões maternais e não deixei mais (com algum pesar porque é mesmo engraçado). Podia dizer ainda que ela tem o sono mais barulhento desse mundo e dos outros e que gosta de movimento em loop eterno. Podia dizer que o José aprendeu como segurá-la, desenvolveu suas próprias técnicas, mas ainda me pergunta se a cabecinha dela tá na posição correta. Que já estivemos muito desesperados de sono e ela desarmou-nos com o olhar. Podia dizer, por fim, que ela tem uma força descomunal, gargalha dormindo, adora agarrar-se às nossas roupas e que eu sou viciada no hálito dela porque é simplesmente a coisa mais cheirosa que existe. Mas eu não consegui produzir nada de jeito. Então achei o bilhete de boas vindas que tinha escrito (ou começado a escrever, já nem lembro). Escrevi e era pra ter publicado, mas as contrações não deixaram. Ela nasceu no dia seguinte. Ontem fizemos todos um mês e hoje eu completo um ano vivendo além mar. Deixo aqui então essas linhas de agosto, mas que ainda fazem todo sentido em outubro.


Oi filha.
Aqui quem fala é a sua mãe. Sim, eu sei que você já conhece minha voz e as minhas piadas infames. Eu te escrevo porque, você vai descobrir isso depois sozinha, sou melhor escrevendo certas coisas do que falando. Não teremos outro momento assim, em que somos a mesma pessoa, apesar de sermos duas. Sinto necessidade de registrar, mesmo sabendo que não vou esquecer. 

Deste limbo delicioso chamado espera pela sua chegada tenho vontade de verbalizar (ou tentar) o prazer que foi te carregar. Desde que me descobri grávida, o mundo girou e as coisas caíram em lugares tão maravilhosamente novos que eu nunca descobriria sozinha, acho. E então eu amei. Amei muito. Amei acompanhar seu crescimento, amei fazer as pessoas te amarem, amei te incluir nos nossos planos, amei mais ainda o homem que seu pai vem se tornando. Amei e amo. E aí, filha, aí eu chorei. Chorei mais do que me lembro de ter chorado nos últimos anos. Um choro sem vergonha. Choro de angústia, choro de felicidade, choro de chorar. E aí, filha, aí eu ri. Ri ainda mais do que eu ria sempre. Ri por tudo e por nada. Ri de você, dos outros, do seu pai, da Meg, de mim. Ri. E soube muito bem.

Falando em seu pai. Sim, ele também tem umas piadas infames. Eu sei disso. Pois é, são piores do que as minhas. É verdade também. Mas por trás desse piadismo todo, um José totalmente novo saiu da casca e isso graças a você. Na verdade verdadeirinha, ele só aprimorou o que tem de melhor, que é se preocupar e cuidar das pessoas. Temos sido muito bem cuidadas e mimadas e amadas. Seu pai tem interesse em saber como você está aí dentro, como vai ser quando vier cá pra fora, como trocar suas fraldas, como te acalmar, como te segurar. Ele tem lido, tem visto videos, tem se informado. Fisiologicamente, é na minha barriga que você está agora, mas estamos os dois grávidos. Estamos te gestando e você também tem nos gestado. Vamos nascer todos juntos, uns para os outros, quando for a hora.