A esta altura, em 2012, eu estava decidindo de que cor pintar as unhas e fazendo minha tradicional faxina de fim de ano (ou parte dela). A esta altura, em 2012, eu estava enchendo os cantos da casa de sal grosso e separando as roupas que não mais usava. A esta altura, em 2012, eu aguardava ansiosa para adotar um cão (fizemos um acordo de que ele viria em janeiro). A esta altura, em 2012, eu estava grávida e sabia que sim, mas achava que não. Nas primeiras horas do dia 1º, preparava-me para dormir. Troquei de roupa em frente ao espelho.
- Amor, olha a minha barriga! Olha pra isso!
- Ihhh! Tá grávida mesmo!
- Rum...rum hum...
E deitamos rindo os dois, achando graça, mas sabendo. Sim, sabendo. Oito dias depois a Meg chegou. A 15 de janeiro, o Beta confirmava que a Malu também estava a caminho.
Este ano, a esta altura, não tive tempo de fazer a faxina de fim de ano, não posso por sal grosso porque a Meg tem apetite para esse tipo de coisa. Estou aqui sentada no tapete, ainda de pijama, com uma bebê obcecada pelas próprias mãos e sons que aprendeu a fazer. A cadela...bem, a cadela acabou de destruir a bola que ganhou de Natal.
Sou muito sensível ao fim do ano, mais do que ao Natal. Foi quase sempre assim. Gosto daquele friozinho na barriga que precede o novo, daquela contagem regressiva em que todo mundo para. Não dá mais tempo fazer o que se queria, então vamos apenas parar e ver o novo ano chegar. Eu fico nervosa, rio nervoso, faço todas as simpatias, distribuo todos os abraços e sou suficientemente ingênua para acreditar que vai ser melhor, que vou fazer diferente. Ainda canto a melodia que a minha vó entoava em todos os reveillóns que passei na casa dela: "Adeus, ano velho! Feliz ano novo! Que tudo se realize no ano que vai nascer...". Posso até dizer que cresci, mas continuo depositando todas as fichas no que está por vir. As mesmas fichas que eu depositava quando beber Cidra Cereser em um copo de plástico era a maior das minhas transgressões.
Entre o positivo e essa tarde chuvosa ainda de pijama no tapete, aprendi que nem tudo é sobre mim, nem tudo é sobre o que vou vestir na passagem do ano. Aprendi que o amor não é preguiçoso. Ele depende da sua dedicação, do seu cuidado, do seu colo, do seu peito. Ele vai te chamar às 4h da manhã e nem sempre é fome, nem sempre é fralda suja. Pode ser só saudade. Ele não vai fazer questão que você tenha lavado o cabelo. Vai demorar 4 horas para pegar no sono e acordar 20 minutos depois. Finalmente, ele vai rir quando te apetece chorar e você vai rir também. Pode parecer sadismo, mas aprendi que amar dói. Dói porque significa sair da zona de conforto. É a zona de confronto. Amar é o todo dia mesmo quando não te apetece sair da cama.
O que 2013 me trouxe vai durar bem mais que seus 365 dias. Passei os dedos pelo teclado imensas vezes tentando não fazer soar demasiado clichê, mas é mesmo isso: nasci e fiz nascer. Nasceu minha filha e eu nasci mãe. Nasci porque assim como ela aprende sobre suas mãos, eu descubro a melhor forma de fazê-la crescer feliz.
Ontem eu achei em um bloquinho antigo a lista de coisas que eu tinha a fazer no dia que "conheci" o José (um dia conto a vocês essa estória). Foi a única lista que lembro de ter cumprido até hoje. 11/11/11. Como não dizer que foi um reveillón? O que eu quero dizer é que venho reaprendendo a comemorar minhas passagens de ano. São agora passagens de dias. Como o reveillón do dia 31 de agosto. A contagem regressiva culminou às 18h38 com 3,630kg e 50cm de ano novo.
Não vou me alongar muito mais, até porque começo a não fazer sentido querendo fazer. Mas vale salutar também que, nascendo Malu e nascendo eu, nasceu o blog. Nasceram vocês para mim. Nasceram histórias para acompanhar. Nasceram laços. Nasceu a Nana tentante que gestou a gestação e agora tem um biscoito no forno. Nasceu a Marina cheia de força, cheia de graça, cheia de um novo bebê. As duas primeiras pessoas com quem entrei em contato na "blogosfera materna" costuram esse ano no próximo. E que venha a maternagem, que venha!
Espero não esperar muita coisa de 2014. Espero que a Malu siga bem com seus picos de crescimento, saltos de desenvolvimento e curiosidade pelo mundo que a cerca. Que o José continue encantado com as coisas que ela aprende do dia para o dia. Que a Meg tente manter seus brinquedos intactos por pelo menos 24 horas.
Que 2000 e catarse, amigos. Catarse.
Até para o ano!