terça-feira, 30 de junho de 2015

"Só eu vejo o mundo com meus olhos"

Do alto dos seus quase 22 meses (whaaaaaaaaat?), a Malu começa a lidar com os seus problemas, que nem sempre (quase nunca) são muito claros para nós. As coisas dão errado e, caramba, haja lágrima para tanta frustração! Ela tenta calçar os sapatos sem sucesso, chora. Quer colocar a toalhita em cima da mesinha sem que essa faça uma única ruga (perfeccionista han!), berra. 

O pior para ela são os bonecos. Ai, esses trastes!  Nunca ficam como ela quer. Fogo! A última foi a Bebé que não conseguia se ajeitar na posição do cão. Mas quem mandou fazerem uma boneca tão pouco rija??? 

Para além da paciência e da habilidade para gestão de crise que estamos a ter que desenvolver, esses episódios cada vez mais frequentes ensinam-nos algo mais. A empatia falta em tudo, falta em todos e a Malu desde que nasceu traz a nossa à tona. Somos forçados a "pensar pequeno" sem que isso signifique mediocridade. Somos forçados a esquecer um pouco o macro, afinal a coisa pega mesmo é no micro. Sem grandes interpretações, sem outras conotações. Apenas a denotação, apenas o que é e não o que seria ou o que será.

Tentamos agir empaticamente com os conflitos dela. E é muito difícil às vezes. Nós, adultos, estamos programados para que nos doa apenas o que é suposto doer, que nos doa apenas quando for insuportável. As pequenas decepções são para serem abafadas, afinal, há tanta gente que sofre mais. Do que podemos reclamar? 

Temos de ser razoáveis. Sim, só a Malu vê o mundo com os olhos dela, mas não custa usarmos os nossos através dos dela. A ela custa muito quando minimizamos os seus dilemas. Aos quase 2 anos, os problemas podem ser muito engraçados, mas para nós, para ela são mesmo graves. E tudo fica muito muito muito mais dramático se os fatores de risco entrarem no jogo. Passo a citar:

- Fome
- Sono
- Rotinas alteradas
- Os três juntos e misturados

Há coisa de duas semanas fizemos o que andam por aí a chamar de "escapadinha/escapadela", aquelas viagens curtinhas de um dia para o outro. A única que não escapou foi a Meg, coitada. Agora façamos as contas: 3 horas e meia de estrada + calor do cão + falta de rotina + ausência de soneca diurna + um pouco mais de calor do cão + entra e sai do carro para deslocamentos + os pais que ainda queriam que ela visse todos os animais dentro de um oceanário. Resultado da equação? O surto mais selvagem de sempre. Nunca conseguirei ser fiel na descrição, mas a Malu parecia um rolo compressor no chão. Rolava para lá, rolava para vá, contorcia-se toda se tentávamos pegá-la ao colo. Gritava, gritava, gritava. As pessoas com aquele ar de julgamento, nós que nunca achávamos a saída. Foi desesperador, claro. Ficamos envergonhados, óbvio. Mas voltando atrás um pouco, percebemos que ela tinha toda razão de ter ficado passada, até nós estávamos moídos.

É um exercício constante isso de percebê-la, de resolver essas questões positivamente. Toda vez que eu consigo evitar que "o vulcão entre em erupção", faço o Freddie Mercury. Tipo assim:



Não, não. É mais assim: