segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

O último mimimi de 2013

A esta altura, em 2012, eu estava decidindo de que cor pintar as unhas e fazendo minha tradicional faxina de fim de ano (ou parte dela). A esta altura, em 2012, eu estava enchendo os cantos da casa de sal grosso e separando as roupas que não mais usava. A esta altura, em 2012, eu aguardava ansiosa para adotar um cão (fizemos um acordo de que ele viria em janeiro). A esta altura, em 2012, eu estava grávida e sabia que sim, mas achava que não. Nas primeiras horas do dia 1º, preparava-me para dormir. Troquei de roupa em frente  ao espelho. 

- Amor, olha a minha barriga! Olha pra isso!
- Ihhh! Tá grávida mesmo!
- Rum...rum hum...

E deitamos rindo os dois, achando graça, mas sabendo. Sim, sabendo. Oito dias depois a Meg chegou. A 15 de janeiro, o Beta confirmava que a Malu também estava a caminho.

Este ano, a esta altura, não tive tempo de fazer a faxina de fim de ano, não posso por sal grosso porque a Meg tem apetite para esse tipo de coisa. Estou aqui sentada no tapete, ainda de pijama, com uma bebê obcecada pelas próprias mãos e sons que aprendeu a fazer. A cadela...bem, a cadela acabou de destruir a bola que ganhou de Natal.

Sou muito sensível ao fim do ano, mais do que ao Natal. Foi quase sempre assim. Gosto daquele friozinho na barriga que precede o novo, daquela contagem regressiva em que todo mundo para. Não dá mais tempo fazer o que se queria, então vamos apenas parar e ver o novo ano chegar. Eu fico nervosa, rio nervoso, faço todas as simpatias, distribuo todos os abraços e sou suficientemente ingênua para acreditar que vai ser melhor, que vou fazer diferente. Ainda canto a melodia que a minha vó entoava em todos os reveillóns que passei na casa dela: "Adeus, ano velho! Feliz ano novo! Que tudo se realize no ano que vai nascer...". Posso até dizer que cresci, mas continuo depositando todas as fichas no que está por vir. As mesmas fichas que eu depositava quando beber Cidra Cereser em um copo de plástico era a maior das minhas transgressões.

Entre o positivo e essa tarde chuvosa ainda de pijama no tapete, aprendi que nem tudo é sobre mim, nem tudo é sobre o que vou vestir na passagem do ano. Aprendi que o amor não é preguiçoso. Ele depende da sua dedicação, do seu cuidado, do seu colo, do seu peito. Ele vai te chamar às 4h da manhã e nem sempre é fome, nem sempre é fralda suja. Pode ser só saudade. Ele não vai fazer questão que você tenha lavado o cabelo. Vai demorar 4 horas para pegar no sono e acordar 20 minutos depois. Finalmente, ele vai rir quando te apetece chorar e você vai rir também. Pode parecer sadismo, mas aprendi que amar dói. Dói porque significa sair da zona de conforto. É a zona de confronto. Amar é o todo dia mesmo quando não te apetece sair da cama.

O que 2013 me trouxe vai durar bem mais que seus 365 dias. Passei os dedos pelo teclado imensas vezes tentando não fazer soar demasiado clichê, mas é mesmo isso: nasci e fiz nascer. Nasceu minha filha e eu nasci mãe. Nasci porque assim como ela aprende sobre suas mãos, eu descubro a melhor forma de fazê-la crescer feliz. 

Ontem eu achei em um bloquinho antigo a lista de coisas que eu tinha a fazer no dia que "conheci" o José  (um dia conto a vocês essa estória). Foi a única lista que lembro de ter cumprido até hoje. 11/11/11. Como não dizer que foi um reveillón? O que eu quero dizer é que venho reaprendendo a comemorar minhas passagens de ano. São agora passagens de dias. Como o reveillón do dia 31 de agosto. A contagem regressiva culminou às 18h38 com 3,630kg e 50cm de ano novo.

Não vou me alongar muito mais, até porque começo a não fazer sentido querendo fazer. Mas vale salutar também que, nascendo Malu e nascendo eu, nasceu o blog. Nasceram vocês para mim. Nasceram histórias para acompanhar. Nasceram laços. Nasceu a Nana tentante que gestou a gestação e agora tem um biscoito no forno. Nasceu a Marina cheia de força, cheia de graça, cheia de um novo bebê. As duas primeiras pessoas com quem entrei em contato na "blogosfera materna" costuram esse ano no próximo. E que venha a maternagem, que venha!

Espero não esperar muita coisa de 2014. Espero que a Malu siga bem com seus picos de crescimento, saltos de desenvolvimento e curiosidade pelo mundo que a cerca. Que o José continue encantado com as coisas que ela aprende do dia para o dia. Que a Meg tente manter seus brinquedos intactos por pelo menos 24 horas. 

Que 2000 e catarse, amigos. Catarse.

Até para o ano!


terça-feira, 17 de dezembro de 2013

A polêmica do sono com/pós-bebê

Você, amiga grávida, provavelmente ouviu e ouvirá centenas de vezes a ladainha "Olha, aproveita pra dormir agora porque depois que o bebê nascer vai ser difícil!". Ai, o sadismo da sociedade...Gente, parem com essa. Apenas parem. Primeiro que a grávida não precisa que vocês aconselhem-na a dormir porque ela vai dormir. Ah, vai. Vai dormir em qualquer canto que der para se encostar minimamente. E segundo que nem todo sono do mundo dormido antes do bebê vai aplacar o sono que vier depois. É estúpido e particularmente enche o saco. Quer falar uma coisa útil para a gestante? "Que o seu bebê venha cheio de saúde". Problema resolvido.

Mas vamos pegar aqui esse assunto do sono e esmiuçar. Vamos entrar a fundo na coisa porque rende.

Quando seu lindo bebezico chega em casa, é um enternecimento sem fim. Uma excitação pelo começo da nova vida, um arroubo de felicidade pela nova família que se forma. Ele é lindo, um amor. Chora baixinho, faz uns barulhinhos. É aquilo que meu avô chamaria de "come-e-dorme". Então, em alguns dias, algo acontece. O toquinho de gente se recusa a dormir à noite. Dá lá seus cochilinhos que variam entre 10 e 30 minutos. Você põe pra arrotar e ele desperta. Começa então o show da madrugada. Aqui em casa foi bem assim. Como cada bebê é um bebê, existem aqueles que vieram de fábrica com um padrão de sono todo ajustado. Não quero papo com os pais destas criaturinhas. Dirijo-me apenas aos companheiros que sabem o que são umas várias noites mal dormidas. Quero distribuir a vocês o meu afeto insone. "Vai passar".

A Malu, lá pelos seus 15 dias, entrou em crise com a noite. Durante o dia, dormia que nem um urso hibernando. À noite...tsc tsc...Eram 2 horas de embalo para cada 10 minutos ou 1 hora de peito para 5 minutos de sono profundo. O pai indo trabalhar na manhã seguinte todo desconjuntado, a mãe com uma cara zombie o dia inteiro e a cadela achando que tudo era festa por ter gente andando pela casa na madrugada. A situação caótica durou quase um mês. Todo dia o José chegava do trabalho com uma estória diferente: "A senhora do café disse que a filha dele foi assim até os 5 meses. 5 MESES!" ou "O motorista do despachante disse que o filho dele era igual e logo passou". Não sei bem como, quando ou por que, mas um dia, ela dormiu 5 horas seguidas. DO NADA. Imaginem um alguém que não dormia há muito acordando no susto e se sentindo estranhamente descansada. 

- Que foi, amor?
- São 4h30! Ela tá dormindo! 4h30 e ela tá dormindo!
- Deixa! Apaga esse celular! Dorme!



Demorei umas noites para me acostumar. Acordava pra checar a respiração. Ficava na dúvida se ela precisava comer, se devia lhe trocar a fralda. Pra mim, continuou sendo conturbado porque eu dormia esperando que ela acordasse, o que era quase a mesma coisa de não dormir. Com o tempo, ficamos ajustadas.

Mas então, Naruna, como isso aconteceu? Não teve mágica, não teve fórmula. Creio eu que foi tudo processo. Os bebês nascem sem saber diferenciar o dia da noite. Na Malu, essa dificuldade era desesperadoramente verificável. Então, fui investindo nos contrastes: janelas abertas de dia, todos os barulhos normais da casa, semi-luzes à noite e um tentativa de ambiente mais silencioso. Depois, adotei a rotina do sono: quarto, banho, pijama e maminha. Durante umas santas noitinhas, ainda rolou um embalamento depois de mamar que demorava hooooras a fio. Também tentei mama + deitar do lado e fazer carinho. Aqui, ela resmungava, chorava, quase dormia e despertava de novo até dormir mesmo. Fui ajustando tudo e então chegamos à rotina final, que vai vigorando. Começa por volta das 20h30 com papai preparando o banho e acaba ali pelas 23h depois de mamar entre 1h30 e 2h, depende do humor dela. Sim, ela dorme mamando , apesar das indicações de ~~especialistas~~ que não devemos fazê-lo porque blábláblá. Creio eu que uma certa maturidade da parte dela também influenciou. As fraldas da noite agora são só de xixi. 

Como uma boa bebê de peito, ela acorda pra mamar. Absolutamente expectável. Como uma boa pessoa pequena, têm noites que dorme melhor, têm noites que dorme melhor. Pode acordar a cada 3 horas, como dormir 8 horas seguidas. Como boa Brito Vieira Lourenço da Silva, ela ronca e "fala dormindo". Normal.

Sono da noite estabilizado. Foram todos felizes para sempre.



Porém não.


Vamos aqui no auge da crise dos 3 meses. Uma mamação sem fim e problemas de sono. De novo e mais uma vez. Mas agora as sonecas diurnas estão atribuladas. A pessoinha luta contra o sono horas a fio, fica mal humorada, chora, não se consegue acalmar. Não quer ficar parada no colo, não quer ser embalada, não quer mais mamar, se contorce toda. Um filminho de terror. 

Estivemos aqui sofrendo uns dias até que (música de suspense) decidi apelar para os poderes do sling. Tenho um de argolas, mas a Malu tem achado desconfortável e, vá lá, 7kg num ombro só é dose. Venho dizendo que vou comprar o tecido pra fazer o wrap, mas até agora nada. Já tinha ouvido falar que é possível fazer um de camisetas velhas, então fui atrás. Estudei, vi os vídeos, tudo direitinho e hoje pus em prática.

Minha gente...MINHA GENTE! M-I-N-H-A G-E-N-T-E! Foi mágico, espetacular, magnífico, sensacionalmente lindo! Ela chorou chorandinho de sono enquanto eu a colocava, ajeitei a cabecinha aqui no meu peito, fui andando pela casa fazendo o bom e velho shhhhh (quem nunca?) e em lindos 2 minutos ela dormiu. Assim, simples: dormiu. 1 horinha de soneca, repetida por mais duas vezes ao longo do dia. Fora que o humor ficou 100% melhor. Estou me sentindo uma vitoriosa, uma mulher de valores. QUERO VER QUEM MANDA NESSA BODEGA DE CRISE AQUI! 



Os links para quem tá naquele dia difícil e precisa de um wrap pra djá: 
http://www.youtube.com/watch?v=AoWd3A-dCak - amarração que eu uso com a Malu

Como estou de bom humor hoje e feeling like simpática, vou deixar umas ~~dicas~~ para quem tá naquele momento difícil com o sono (o próprio e o do bebê):

- A rotina antes de dormir à noite ajuda o pequeno a assimilar e conseguir prever o que está por vir. Ele se sente mais seguro assim.

- A minha rotina será sempre diferente da sua. Lembre que os bebês não são iguais. O que faz um se sentir confortável, como o banho, pode deixar o outro mais ativo e não funcionar tão bem.

- Importante pedir a colaboração dos outros moradores da casa e das visitas no respeito à essa rotina. Quem vier aqui sabe que eu recolho a Malu sempre no mesmo horário, sempre. O José sabe que é hora de baixar o volume da tevê e falar baixo (o que nem sempre acontece quando tem jogo do Porto. Deus nos abençoe...). Até a Meg se enterra no sofá e de lá não sai mais.

- A menos que seu filho esteja com problema de peso e tenha menos de um mês, NÃO O ACORDE PARA COMER. Nunca. Algumas mães não acordam nem antes de um mês, mas eu tinha medo da hipoglicemia. Se o bebê tá saudável e dormindo de boa é porque ele não tem fome. Deixe ele quieto.

- Não tenha medo da cama compartilhada. Esqueci de mencionar isso lá atrás, mas a Malu nunca aceitou a alcofa, então colocamos na nossa cama mesmo, com os devidos cuidados. O bebê deve dormir entre a mãe e a parede (ou uma grade) e não entre a mãe e o pai. O pai, por mais fofo que seja, não tem uma ligação fisiológica com o bebê. Pode rolar pra cima dele ou magoá-lo durante o sono, mesmo sem intenção. 

- Não acredite naquela história de "ai, não dormir durante o dia é bom. Fica cansado e dorme melhor à noite". Isso não funciona com o bebê. Ele acaba por ficar tão cansado que nem consegue adormecer. Procurem "efeito vulcão do sono" no Google e chorem comigo.

- Sieze the day. Aliás, the night. Durmam a noite de hoje sem pensar na de amanhã. Eventualmente, o bebê vai ter noites melhores e noites melhores. Vai dar um dia mais trabalho pra dormir, outro menos. Pode dormir a noite inteira com 2 meses e depois acordar a cada duas horas aos 11. Raramente o padrão de sono é definitivo no primeiro ano de vida.

- Não tem magia e nem método infalível. É tudo processo.


E agora...sabem que horas são? Quase 20h30 aqui. Partiu, rotina!

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

100 dias

Daí que ontem, redondamente ontem, completamos 100 dias de maternagem, paternagem e filharagem. 100 dias (des)construindo uma imagem, passando valores, recebendo lições, revendo conceitos, aprendendo, errando, reaprendendo e errando mais uma vez para tentar acertar adiante. O certo é que estamos aqui, lindos e loiros   saudáveis prontos (ou nem por isso) para a próxima fase.



Dizem que tal como ocorre na gravidez, o desenvolvimento dos bebês fora da barriga é dividido por trimestres. Levando em conta essa teoria, fechamos o primeiro. O intenso primeiro. Não que eu ache que os outros serão mais tranquilos, mas o primeiro é sempre o primeiro. Tem aquele sabor de primeiro, aquele frio na barriga, aquele "Não sei o que é isso. Pare o mundo que eu quero descer" e o natural "Será que é normal?". Seja lá o que vier pela frente, 3 meses foi um bom período para desenvolver minha autoconfiança. A primeira vez que tivemos de sair com a Malu foi absolutamente assustadora. Ela tinha 4 dias, fazia um calor e depois começou a ventar loucamente. Eu tinha os pontos ainda e muito medo de tudo. De andar rápido e o carrinho sacolejar demais, da poluição, dos carros, dos tambores de lixo, dos vírus que as outras pessoas carregavam. Esqueci os documentos que deveria ter levado. Foi estressante e achei que nunca fosse dar conta de fazer aquilo de novo. Fiquei tão freak que chegamos em casa e fui logo dar banho nela. O José dizia que eu precisava relaxar. E eu relaxei. Fui relaxando. Aprendi a me preparar para sair com ela, a verificar infinitas vezes se coloquei tudo na bolsa, a escolher a roupa no dia anterior e confirmar os horários. Faço-o muitas vezes sozinha, inclusive. Aí a Super Naruna entra em ação carregando bolsa, cadeirinha, bebê eventualmente fora da cadeirinha e alguma manta aleatória. O celular sempre toca nesse momento crítico. SEMPRE. Nesse meio tempo, já tivemos que sair com ela para resolver burocracias, médico ou simplesmente dar uma volta porque eu amo estar em casa, minha gente, mas tenho meus limites. Estive tanto tempo trancafiada com meu medo besta que reformaram uma rua inteirinha na Baixa e eu nem tinha me dado conta. Para mim, o reaprender a sair de casa foi um obstáculo pessoal que vem sendo vencido, sem muitos abusos, claramente.

Em 3 meses, há que também passar a entender os sinais do bebê. Com umas 2 semanas de Malu, o José me perguntou se eu já sabia identificar os motivos dos choros e eu respondi receosíssima que ainda não. Sério que eu queria ser a mega tradutora de choradeira aos 15 dias? Até hoje não tenho muita certeza do que cada um significa. Recorro mesmo à checklist: fome? fralda suja? mimo? tédio? O único infalível e inconfundível é o do sono. Essa minha filhota tem uma relação muito objetiva com o sono dela. Se atrasarmos o ritual da noite, ela embirra totalmente. Chora até seu problema ser plenamente resolvido, leia-se banho, pijama e mama até cair pro lado. As sonecas do dia, se não forem respeitadas, é um deus-nos-acuda. Ela começa logo com um nhaaaaaaaim. Esse nhaaaaim quer dizer "me ponha pra dormir agora ou eu vou começar a gritar infinitamente".

Fora os clássicos, no geral, a Malu chora muito pouco. Muito pouco mesmo. Há dias em que ela sequer chora. Só resmunga e eu já descubro logo o motivo. Mas se você for médico, enfermeira ou alguém estranho, be careful. É melhor se aproximar com muito cuidadinho, sem vozinha cheia de frescura ou ela abre logo o berreiro. Isso vale também para troca de roupa. Devia ser proibido bebês viverem no inverno. Calculem um acidente de cocô onde é preciso trocar body, meias, blusa, calça e casaco sob a amena temperatura de 5ºC. Ninguém curte, né? Mesmo chorando muito pouco a meu ver, as pessoas adoram me perguntar se ela não usa chupeta. Não, minha gente, ela não usa. Vou fazer um mea culpa aqui e dizer que cheguei a oferecer. Num dia particularmente difícil, ali por volta do 1 mês e meio, cedi às pressões da sociedade e resultado? Ela abomina. Olha e já começa logo a tossir, chora ainda mais e faz caretas. A chupeta existiu cá em casa por umas 3 semanas, até que a Meg comeu-a. Qué dizê, morreu menina chupeta. Agora só chupeito mesmo e tem funcionado.

Falando em peito, foram e têm sido 100 dias de muito. Livre demanda demandando, mandando e desmandando. São 7kg e 61 cm aí provando que leite fraco é a pqp. Isso tudo tem me rendido muitos elogios onde quer que vá. No hospital que a Malu ficou internada, virei tipo celebridade da amamentação. Ninguém acreditava que essas dobrinhas todas provém só da mama. Os pediatras andaram até discutindo o caso no café (???). Bate aquele orgulhinho de si e da cria, mas chego a ficar triste também por algo tão natural causar tanta surpresa. Durante a internação, só conheci mais uma mãe que amamentava, e olha que passei por várias. Aí que com a livre demanda, eu nunca sei que horas a Malu come, por quanto tempo e qual o intervalo entre as mamadas. Os enfermeiros não entendiam isso. Aí que com a livre demanda, perdi a vergonha de fazê-lo em público. E não coloco mais fraldinha por cima não. Vocês curtem comer com um pano na cara? Por que é que a Malu curtiria? Aí que já fui gentilmente censurada por isso. Disseram que eu deveria me "preservar". OH REALLY? A amamentação, se em público, tem uma carga tão sexual que dá o que pensar. Ando sinceramente até pensando em rever o tema da minha tese no mestrado.

Em 100 dias, teve pico de crescimento, salto de desenvolvimento, roupa ganha, roupa perdida, sorriso pra dar e vender, baaaaaaaaaaaba, muita baba, dedinhos curiosos apertando a nossa cara, a nossa roupa, os brinquedos, um converseiro danado (agu, abu, uh uh, aaahh, ehhhh, aaaaai, nhãe e coisas afins), uma afinidade com a Meg (prevejo puxação de rabo para breve. anotem.).

Eu (antes de ter um) achava que os bebês só tinham graça quando ficavam maiores, já sentando e tudo. Mas eu me divirto com a Malu todo santo dia. Ela respira e eu gargalho que nem uma abestada. Dizem que isso é amor. Deve ser um amor parecido com o que vejo nos olhos do José quando ele olha para ela. Sabem, é bonito amar, mas ver o amor nos outros é lírico, uma coisa meio idílica.

E eu nesses 100 dias? Eu definitivamente mudei e continuo sendo a mesma. Eu tenho impulsos de super mãe, super mulher, mas sei que não sou uma coisa nem outra, sigo fazendo o melhor. Eu já tive muita vontade de voltar a trabalhar e engoli o choro durante uns dias. Ainda tenho vontade, ainda tenho saudade, mas cada coisa a seu tempo. Tenho uma fome de me deixar com os nervos a flor da pele e quilos de cabelo começaram a cair (alou, prolactina!). Tenho ups e downs com o meu corpo. O peso é o mesmo, mas as curvas e formas são outras. Isso me deixa aflita às vezes. Penso todo dia que vou pintar as unhas assim que ela dormir. Apenas penso. Tornei-me uma criatura quase monotemática. Quase. Tenho ímpetos de fúria ao ver as pessoas na rua olhando para o meu lindo e redondo bebê (???). Sério, fico meio possessa achando que elas estão transmitindo más energias. Nóias. Tornei-me uma leitora lenta. Ganhei uns vícios estranhos tipo checar o nariz dela a cada meia hora, tal como analisar o conteúdo da fralda minuciosamente pra ver se tá tudo ok e deixar ela me babar a cara. O José acha essa parte particularmente nojinho. 



Apesar de costumeiramente buscar segurança, sempre tive um apego também com o futuro. Sempre achei que amanhã vai ser melhor e que os problemas vão se resolver magicamente e plim!, that's all, folks. Relendo esse texto e fazendo um backup expresso desses meses, noto que a primeira grande lição, habilidade ou seja lá o que for que a maternagem me trouxe foi apego ao presente, aos 30 minutos de sono e depois não sei. Atualmente eu tenho uma séria dificuldade em mentalizar que dia da semana é hoje, qual a data. Fica tudo num plano meio paralelo. O conceito de tempo meio distorcido. No meu calendário válido só tem uma marcação: agora. Daqui a 100 dias, quando for agora outra vez, a gente conversa mais sobre essa coisa de quanto tempo o tempo tem.

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Da impotência ou Quando um filho fica doente

Nenhum(a) leitura/pitaco/dica/conselho poderia preparar-me para ver meu bebê doente. Nenhuma. Nada. Ninguém. No auge da confusão, eu só conseguia pensar de onde os pais tiram tanta força para tomar decisões acertadas em um momento como aquele. Não há dor no mundo como aquela, não há maior entrega do que querer a dor do pequeno toda para si.

Ia tudo supermegablaster bem, fora o frio de rachar que vem fazendo e o fato de eu ter ficado de cama uns 2 dias na semana passada.  Usei máscara ao cuidar da Malu, amamentar e tudo. Passou-se um dia, melhorei e ela parecia okzinha também. Alívio. No dois dias a seguir, ela andou enjoadinha, reclamona, chorosa, mas mamando bem e evacuando normalmente. Pensei que era a crise dos 3 meses já à porta. Até que numa troca de fralda, decidi por o termômetro só por curiosidade. A temperatura só subia, loucamente, descontroladamente, tal qual uma sensação de pânico na boca do meu estômago. 38,8ºC. Fiquei cega, agarrei-a como se o abraço espantasse a febre. Uma hora depois, o José já tinha vindo do trabalho a correr e estávamos a caminho do centro de saúde. A nossa médica de família não estava. Ela foi vista por uma outra. Uma senhora absolutamente fria, "objetiva", que disse ser uma" infecçãozita", que não via caso pra se preocupar e era só dar-lhe paracetamol quando a febre subisse. Voltamos pra casa, mas não consegui ficar absolutamente tranquila. Maluzinha não fazia seu "agu uh uh" de sempre, não festejou no banho. 39,5ºC. A febre não cedia. Coloquei-a pra dormir tentando acreditar que o medicamento faria efeito.



3h10 da manhã. Malu gemia, os movimentos eram lentos. 40,4ºC. Aqui veio o desespero. Desespero com todas as letras. Previ uma convulsão, que felizmente não veio. Demos-lhe um banho pra baixar a febre e corremos pras urgências. Então. começou uma saga. Só um dos pais podia acompanhá-la. O José ficou na recepção gelada enquanto eu carregava-a angustiada pra cima e pra baixo. Tomou antitérmico via supositório, foi alscutada n vezes, fez nebulizações, tiraram-lhe sangue do braço, dos pés, foi aspirada, eu tinha de evitar pegá-la ao colo pra ver se a temperatura descia, mais antitérmico, usou sonda pra colher xixi. Ela já tinha sido tão massacrada, que chorava desesperadamente só de ver alguém se aproximar. Eu só chorava. Não lembrava de comer, de beber água ou ir ao banheiro. Já às 15h, o José pode entrar por uns minutos. Foi quando eu "almocei". Ele levou mais fraldas, mais bodies. A febre ainda lá e não nos davam certeza do que ela tinha. Perto das 22h, disseram que ela precisava ser transferida para outro hospital. Eu não tinha dormido, comido direito ou tomado banho, e, naquela altura, as palavras soaram como uma sentença negativa. Pensei que o caso era tão grave que ela ia precisar de cuidados especiais. O José veio de novo. Chorei copiosamente, tinha as ideias todas atrapalhadas. Ele então parou uma enfermeira e pediu que ela nos explicasse exatamente o que estava acontecendo. A Malu, afinal, tinha uma bronqueolite aguda e precisava de um internamento de acompanhamento. Estávamos ainda nas urgências e eles não tinham equipe para acompanhá-la, por isso a transferência.

Às 23h, chegamos de ambulância ao Pedro Hispano. O médico mais cool que eu já vi na vida atendeu-nos a tranqulizou. Realmente era uma bronqueolite, uma espécie de gripe forte em nós adultos. Os pulmões dela estavam mega congestionados, o nariz entupido. Ainda tinha uma suspeita de infecção urinária. Estranhamente, por mais que os nomes pareçam assustadores, foi aqui que fiquei calma. Senti que tudo ia ficar bem. A Malu recebeu o tratamento mais humanizado que poderia ter tido. Cada médico e cada enfermeiro que por ela passou foi impecável, diferente da experiência nas urgências. Foram sempre cuidadosos, conversavam com ela, não a incomodavam se estivesse dormindo. No dia a seguir, apresentou melhora e assim seguiu até a alta, na tarde de ontem, uma vez que a suspeita de infecção urinária foi despistada. Como mãe, estive lá sempre. Não deixei de amamentar por nada, fazia-lhe as nebulizações necessárias, media-lhe a temperatura. O nosso protagonismo de pais foi sempre respeitado e, deus, como eu agradeço por isso. 

A princípio, senti-me extremamente falhada, impotente. Como o meu carinho não fazia a febre dela ir embora? Como o meu leite não foi capaz de protegê-la da doença? Poder tratá-la durante o internamento deu-me confiança. Recobrei a minha capacidade de acreditar que posso sempre ajudá-la do meu jeito. E o José ajudar-nos porque sabe-se lá o que teria sido sem ele ali. Tanto que a alta veio na véspera do aniversário dele. Nada é mesmo por acaso.

Esse relato me é tão caro quanto o do parto. Tive de exorcizar esse medo todo que fechou o primeiro trimestre de vida dela e de "revida" nossa. A fofinha completou seus 3 meses com um catéter no braço, mas infinitamente mais pronta pro que virá. 

E ontem, de volta a casa, ao deitarmos todos juntos, vi que atravessamos mais um rito, para o qual não estávamos prontos, mas que fez-se necessário. Na próxima, mamãe pode até chorar menos, mas vai sempre querer ter a dor ao invés da filhota dela.


quarta-feira, 2 de outubro de 2013

1 mês da Malu(ca)

Virei, remexi, digitei, apaguei, digitei de novo, apaguei e não consegui achar forma sensata de escrever um post comemorativo do primeiro mês da minha bichinha. Talvez porque ontem, no dia exatinho do seu mesaniversário, ela esteve impossível e nervosa, arrancou-me um tufo de cabelo e sequer me deixou tomar banho. Estive/estou exausta. Uma exaustão insanamente boa.

Podia então dizer pra vocês que nesse mês a única vez que chorei foi quando ela, pela primeira vez, fixou os olhos nos meus por uns segundinhos. Tinha lá seus 15 dias. Foi como uma lufada de ar fresco na cara. Senti uma queimação que começou no peito, passou garganta acima e verteu em forma de valentes lagriminhas. Podia dizer que ela descobriu que polegar e boca são uma combinação perfeita e que eu deixei algumas vezes porque fiquei enternecida. Depois resgatei meus culhões maternais e não deixei mais (com algum pesar porque é mesmo engraçado). Podia dizer ainda que ela tem o sono mais barulhento desse mundo e dos outros e que gosta de movimento em loop eterno. Podia dizer que o José aprendeu como segurá-la, desenvolveu suas próprias técnicas, mas ainda me pergunta se a cabecinha dela tá na posição correta. Que já estivemos muito desesperados de sono e ela desarmou-nos com o olhar. Podia dizer, por fim, que ela tem uma força descomunal, gargalha dormindo, adora agarrar-se às nossas roupas e que eu sou viciada no hálito dela porque é simplesmente a coisa mais cheirosa que existe. Mas eu não consegui produzir nada de jeito. Então achei o bilhete de boas vindas que tinha escrito (ou começado a escrever, já nem lembro). Escrevi e era pra ter publicado, mas as contrações não deixaram. Ela nasceu no dia seguinte. Ontem fizemos todos um mês e hoje eu completo um ano vivendo além mar. Deixo aqui então essas linhas de agosto, mas que ainda fazem todo sentido em outubro.


Oi filha.
Aqui quem fala é a sua mãe. Sim, eu sei que você já conhece minha voz e as minhas piadas infames. Eu te escrevo porque, você vai descobrir isso depois sozinha, sou melhor escrevendo certas coisas do que falando. Não teremos outro momento assim, em que somos a mesma pessoa, apesar de sermos duas. Sinto necessidade de registrar, mesmo sabendo que não vou esquecer. 

Deste limbo delicioso chamado espera pela sua chegada tenho vontade de verbalizar (ou tentar) o prazer que foi te carregar. Desde que me descobri grávida, o mundo girou e as coisas caíram em lugares tão maravilhosamente novos que eu nunca descobriria sozinha, acho. E então eu amei. Amei muito. Amei acompanhar seu crescimento, amei fazer as pessoas te amarem, amei te incluir nos nossos planos, amei mais ainda o homem que seu pai vem se tornando. Amei e amo. E aí, filha, aí eu chorei. Chorei mais do que me lembro de ter chorado nos últimos anos. Um choro sem vergonha. Choro de angústia, choro de felicidade, choro de chorar. E aí, filha, aí eu ri. Ri ainda mais do que eu ria sempre. Ri por tudo e por nada. Ri de você, dos outros, do seu pai, da Meg, de mim. Ri. E soube muito bem.

Falando em seu pai. Sim, ele também tem umas piadas infames. Eu sei disso. Pois é, são piores do que as minhas. É verdade também. Mas por trás desse piadismo todo, um José totalmente novo saiu da casca e isso graças a você. Na verdade verdadeirinha, ele só aprimorou o que tem de melhor, que é se preocupar e cuidar das pessoas. Temos sido muito bem cuidadas e mimadas e amadas. Seu pai tem interesse em saber como você está aí dentro, como vai ser quando vier cá pra fora, como trocar suas fraldas, como te acalmar, como te segurar. Ele tem lido, tem visto videos, tem se informado. Fisiologicamente, é na minha barriga que você está agora, mas estamos os dois grávidos. Estamos te gestando e você também tem nos gestado. Vamos nascer todos juntos, uns para os outros, quando for a hora.

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Puerpara que agora é hora do show das poderosas


Antes de soltar o som pra vocês me verem dançando, um muito obrigada bem grande e só amor no coração pelo post do relato. Pensem numa repercussão! Não tinha nem como continuar com aquele “nó” depois do tanto de carinho que recebi. Já assentei minha cabecinha que fiz a coisa certa praquela altura e como disse a Vaquinha no comentário dela, “as vantagens de sermos pessoas esclarecidas e informadas é termos o poder da decisão nas nossas mãos”. Definitivamente fechei o capítulo parto.

Virando a folha, cheguei nele, o puerpério, o terror das famílias desse mundo e dos outros. Seu exército pode ser pesado e ter o poder que tiver, mas o pós-parto é LOUCURA. Loucura de amor, de sono, de choro, de babação. É loucura. Fim. Vou confessar que sempre que eu lia as dicas/textos/relatos dizendo que essa era uma fase delicada e tal, ficava meio naquela “ai, será que é isso tudo?”. É sim. É isso tudo que você está pensando. É tipo bater um suco pressionando o botão “pulsar” do liquidificador, aquele que tem toda força. Ok que eu posso estar com meu exagerômetro ligado, vir aqui uma mãe e dizer que a vida dela foi um mar de rosas no pós parto. Um beijo no coração dessa linda, mas acho que em 99,78% dos casos acontece uma piração em níveis variantes. Lembram que eu cheguei a dizer que a Malu(ca) era um bebê fantástico, uma santa que só chorava pra trocar a fralda? Na segunda semana em casa, ela resolveu despirocar. Resolveu não dormir à noite, resolveu que ela devia fazer uns barulhos estranhos enquanto respirava (motivo pelo qual fomos parar nas urgências aos 11 dias. Diagnóstico: gases), resolveu que ela ia abrir aqueles olhos rasgadinhos pra nos matar de amor, resolveu só querer dormir no bebê conforto, resolveu desistir do bebê conforto, resolveu que bom mesmo na vida é balançar e balançar infinitamente. Tadinha da minha criança. Falando assim até parece que ela, hoje com 27 dias, resolve alguma coisa. O mundo todo doido e a gente querendo que ela seja razoável. Quem nós pensamos que somos?

Foram dias de aprender a lidar com ela e a lidar comigo mesma. Fisicamente, tinha os malditos pontos para administrar, um corpo voltando pro lugar no seu tempo e uma alergia. Não sabemos ainda exatamente o que, mas algo me intoxicou durante o internamento, provavelmente alguma medicação ou componente da epidural. Resultado? Uma empolação gigantesca nas pernas e nos braços. Coisa escabrosa mesmo. Imaginem carregar um bebê no colo quando a única coisa que você quer é se coçar como se não houvesse amanhã. Muito anti histamínico na fuça e só agora começo a ter minha pele de volta. Ficam aqui 2 alertas: medicação pra mãe que amamenta apenas com aval do médico e muito cuidado com as medicações dadas na maternidade. Sempre informem a que vocês têm alergia. Convém ficar atenta.

O meu leite desceu no 4º dia. E como desceu! Rolou um alto congestionamento mamário. Parecia que eu tinha duas bolas de boliche no lugar de peitos. Com massagens e mamadas, o perrengue passou em um, dois dias. Esse perrengue. Porque eu ainda tive a boa e velha fissura. Apesar de eu ser a patrulha da pega correta, ainda tive os mamilos machucados. Nada dramático, nada de querer morrer e matar, mas machucou. Caía uma lagriminha toda vez que ela vinha mamar tamanha a dor. Recorri ao melhor remédio de todos: o próprio leite. Passava nos mamilos depois da mamada, deixava secar e beijotchau. Mais 3 dias e tava tudo lindo. Machucar, machuca, é natural, mas pra coisa não ficar insustentável, o melhor mesmo é insistir pro bebê fazer a boa e velha boquinha de peixe. Ainda estou aprendendo a administrar todo esse fluxo lácteo. Jorra aqui que parece uma mangueirinha, porém sem válvula de ligar e desligar. E haja roupa manchada de leite, haja Malu se engasgando. Não sei como já tiveram coragem de perguntar se eu tinha leite suficiente "porque se ela chora deve ser fome" e a criança com uma bela barriga ganhando meio quilo por semana. Queridan, melhore! 

A senhorita aqui de casa basicamente tem os mesmos padrões de sono que tinha na barriga. Entre 23h e meia noite, ela desperta e aí, meus amigos, só com reza. Não tem embalo, banho e gracinha que dê jeito. Quando ela não chora, fica nos encarando deixando claro que todos os esforços em fazê-la dormir serão inúteis. Não tem “The happiest baby on the block” que dê jeito. Já tivemos vários momentos de “desistir”, pousá-la na cama e esperar ajuda divina. Geralmente nessa parte ela se cala e foca em qualquer coisa que esteja ao alcance dos seus 20 cm de visão. A essa hora da tarde parece cômico, mas no auge da madrugada é tudo muito desesperador.

Aí que você tem um peito jorrador de leite, não dorme mais que 2 horas seguidas por noite, está com o pescoço, braços e ombros todos destroçados e ainda tem que ouvir os bons e velhos conselhos/palpites. Porque de bebê, futebol, política e fofoca todo mundo entende. Com a alergia e até para nos habituarmos uns aos outros, ficamos esses dias todos sem visitas, o que foi fundamental para não pirarmos. Maaaaaaaaas, sempre tem um ou outro (leia-se vizinhos) que topam conosco na escada ou aparecem como-quem-não-quer-nada pra dar um “recado”. Nessa, tinha a Malu 5 dias e eu já estava escutando que não devia acostumá-la ao colo porque blá blá blá blá blá “eu fiz isso com a minha filha e blá blá blá blá”. “Carrega ela assim nessa posição” “Ai, tá chorando! Não será fome?” “Serão gases?” “Tem que ter uma chupeta. Eles ficam calmos com chupeta”. Ainda não derramei uma lágrima de desespero, mas já tive vontade de cortar muitas cabeças. Acontece que eu não sou barraqueira (porém devia) e nem retruco. Escuto as coisas, engulo seco, sorrio e finjo que não é comigo. Cada frase dessa rende um post à parte, principalmente a da chupeta. Pra já, resumo a minha opinião em “não vou colocar na boca da minha filha um pedaço de silicone fingindo que é meu peito. Beijos”.

Se eu pudesse dar uma dica a todas as mães que estão nessa fase ou vão entrar em breve, diria: tomem banho. É sério, gente. É mágico. O momento do dia em que eu sou minha e consigo restaurar a minha dignidade. Tem tido uma grande importância na manutenção da minha sanidade. O mundo já pareceu muito perdido, mas eu encontrei-o de novo debaixo do chuveiro. Depois de 20 minutos/meia hora ali, volto pro campo de batalha cheirosa, asseada, parecendo gente de novo e muito mais calma. Santo remédio pra essa semvergonhice de baby blues. 

Tenho uma penca de coisa pra falar, mas vai ficando pra depois. Tagarelar é ótimo pra manter a sanidade também, mas melhor ainda é conseguir almoçar antes que ela acorde. Só reiterando que tenho lido os blogs dazamigue, mas comentar é raro porque tenho usado mais o celular e ele nem sempre ajuda. 

Vou fazer que nem a Carol e deixar com vocês a foto da semana da barrig...não pera

Reclama da vida, mas ainda tem tempo de tirar foto no espelho

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Relato de parto - Malu

Enquanto a realeza desta casa dorme tranquilamente até a próxima mamada, aproveitei pra vir fazer o relato. Engraçado como só fazem 18 dias e parece que foi há uma vida. Aliás, logo depois que eu cheguei em casa e estive olhando as fotos parecia já tão distante. O parto é realmente um rito de passagem que só entende quem passa. Volta e meia ainda tento processar, relembrar, mas acho que me faltava relatar para poder fechar o ciclo. Vamos a isso.

Lembram do post sobre a trollagem do falso TP? Naquele mesmo dia, as contrações aumentaram loucamente. Assim que subi a postagem no blog, elas vinham seguidinhas. Sim, senhores, tínhamos um ritmo. Tentei não me impressionar com o fato, visto que a semana inteira elas tinham vindo e nada. Não liguei o Contraction Timer. Segui com a vida. Ou tentei porque além de ritmadas, elas ficaram mais dolorosas. Muito mais. 

Antes de seguir adiante, vou me permitir voltar uns dias. Na sexta-feira anterior, com 38s +2d, comecei a perder o tampão. Era uma questão de tempo, eu sabia, até o TP. Tempo. Não se sabia quanto. Horas ou semanas. Na segunda, começaram as contrações. Malu se anunciou, se anunciou bem, com paciência, fez-nos viver cada etapa, cada sintoma. Na quinta, tive mais uma consulta de acompanhamento. 39 semanas e 1 dia. Colo 50% extinto, 2 a 3cm de dilatação e a bomba: o médico  me fala da indução. Na verdade, ele cumpriu o protocolo da maternidade. Em Portugal (no sistema público de saúde, pelo que sei) e, especificamente na Maternidade Júlio Dinis, o trabalho de parto espontâneo é esperado até as 41 semanas. Sim, eu já sabia disso, mas não esperei chegar a ter essa conversa. Eu não queria ser induzida. Eu não precisava ser induzida. Meu corpo estava indo bem. Malu chegaria no tempo dela. Ele marcou a indução pro dia 11, dali a 2 semanas, uma semana exata depois da DPP. Fiquei abalada, muda. Enquanto o médico explicava os procedimentos todos, olhei para o José com uma cara desconsolada. Quando fui me despir pra ser avaliada, ouvi os dois conversarem qualquer coisa, mas a minha cabeça ainda zumbia alto demais para prestar atenção. “Eu fico tão insatisfeito quanto você por ter que marcar a indução”. Foi o que ouvi assim que saí da salinha de troca de roupa. Deduzi, então, que o José tinha dito ao médico a minha posição sobre ser induzida. Era examinada e  consolada. “É sempre melhor para a mulher entrar em trabalho de parto espontâneo. Acontece que 'eles' determinam os protocolos e resta-nos seguir. Mas temos aqui uma grande evolução. Isso está andando e muito bem!”. Falava ele da consistência do colo. Não foi o suficiente para me animar. Fim da consulta, eu com a maldita guia da indução debaixo do braço. Cumprimentos. “A Romana não se deixe ir abaixo. Confie em si. Você VAI entrar em trabalho de parto”. Cheguei em casa, olhei pro papel e me dei conta que não tinha perguntado se precisava marcar mais uma consulta pra semana seguinte. Dobrei-o de volta, coloquei na bolsa, passei a mão na barriga. “Deixa lá isso. Não vamos nem precisar desse papel, né, filha?”. 

Um dia depois, estava eu pacientemente esperando o José chegar do trabalho e novamente monitorando as contrações. Algumas vinham muito fortes, outras bem fracas, os intervalos eram regulares e depois mudavam. Era sexta-feira, dia 30 de agosto. Eu estava cansada. A semana inteira sem dormir, a incerteza de quando viria a próxima. A cada contração, tentava descobrir a melhor posição para aliviar a dor. Não era agachada, não era deitada, não era na bola. Caminhando ficavam mais suportáveis. E eu caminhava de um lado pra outro. José chegou, elas continuavam. Pedi-lhe que fizesse as massagens que ensinaram no curso. Jantamos. Elas iam e voltavam. Com ritmo, sem ritmo. Praticamente de 5 em 5 minutos o José perguntava “Maternidade?” e eu “Não. Tenha calma”.  A noite caminhava e eu também. Agora as dores aumentavam e aumentavam. Eram lancinantes. Tinha vontade de gritar. Segui o conselho master: banho quente. Ajudou mesmo. Fiquei debaixo d'água até quando achei conveniente. Não sei se por 1 hora, meia ou 20 minutos. Deixei de controlar o tempo, abandonei o Contraction Timer e fui, inconscientemente, arrumando o que faltava na mala da maternidade. 5H da manhã de sábado, eu joguei a toalha. “Vamos pra maternidade”. Fizemos tudo devagar, sem afobação, mas em menos de meia hora eu já me via numa sala de CTG. Durante o exame NENHUMA contração. 20 minutos com o aparelho colado na barriga e nada, aliás, tive uma bem fraca e depois outra bem forte. A enfermeira não entendeu nada, mas eu sim. “Pronto. Vim pra maternidade e o TP estancou. Paciência...”. A médica do plantão me examinou. Colo 100% extinto e 3 cm de dilatação. Ainda teve um bom tempo discutindo se eu ficaria ou se voltaria pra casa. Fiquei. E tinha caído na minha própria armadilha: tentar chegar no hospital com a maior dilatação possível . Fui cedo demais. Senti falta de uma doula. 

Quando voltei à recepção, o José já estava devidamente paramentado com o crachá de acompanhante. “Ouvi dizer que vamos ficar” “Pois vamos”. E sorrimos os dois assim com frio na barriga sabendo, porém sem saber o que nos aguardava. Contração à espera da enfermeira. Subimos. Recebemos as nossas respectivas batas. Contração. Gozamos de nós mesmos com aquelas  roupinhas esquisitas de hospital. Estivemos um tempo à espera da outra enfermeira. Banheiro. Outra contração. Não queria sentar. Andava de um lado para o outro. Sabia que tinha que fazer a minha parte. Sabia que precisava ajudá-la a querer sair. 

Veio a outra enfermeira e fomos para a sala de expectantes, um estágio anterior à sala de partos. Cama 13. CAMA. Eu não queria ficar deitada. Eu precisava deitar um pouco. Estava tão cansada. A semana de contrações irregulares e noites mal dormidas insistia em me nocautear. Mais CTG. As contrações foram ficando espaçadíssimas. Achei que a bolsa tinha rompido. Alarme falso. Tentamos descansar meia hora que fosse. Eu na tal cama com o CTG na barriga indicando que Malu dormia profundamente, José encolhido na cadeira troncha de acompanhante. 

Pelas 9h, veio a médica. 4 cm de dilatação e a pergunta: “Mas que trabalho de parto é esse sem contrações?”. Nem eu entendi. O certo é que estava avançando, lentamente, no tempo dele, mas estava. Seria já transferida para a sala de partos. Fui libertada do CTG e caminhei. Caminhei de novo. Corredor acima, corredor abaixo. Agora as contrações vinham e eu tinha que me apoiar. Era isso. Continuávamos avançando. José ajudava com as massagens. Caminhei mais. Água. Chá. Mais contrações. Perdi-me. Eu já não estava sabendo lidar com a dor. Tentei focar, tentei me concentrar. Olhava pelo vidro as obras no prédio ao lado, via um pai saindo aflito da sala de partos ao lado, conversava com o José sem realmente dar conta do assunto. 




Chamaram-nos para a sala de partos. Mais CTG. E agora monitoravam também os meus batimentos e a pressão. Queria caminhar de novo, mas veio a onda de cansaço. As contrações. As contrações. As contrações. Só me apetecia chorar. Não procedia. Não fazia sentido. Por que chorar? Meu corpo inteiro gritava e eu comecei a ter medo de ouvi-lo. Fraquejei. Olhei para o José, que segurava a minha mão depois de uma contração particularmente difícil. “Vou pedir a epidural” “Tens a certeza?” “Sim”. Pedi. Estava eu com 5cm de dilatação na altura. Pedi relutante e reluto até hoje em ter feito o pedido. Senti falta de uma doula.

Veio a anestesista com todo aquele ar de anestesista e aqueles equipamentos de anestesista. Pus-me sentada na cama de costas pra ela agarrada a um travesseiro. Não podia mexer. Informava-lhe de todas as contrações. Senti a anestesia local. Sentia-a procurar o espaço epidural ali em qualquer lugar perto da minha coluna. Não conseguiu. Tentou uma segunda vez. Não conseguiu. E aqui eu tive muito medo. Medo do erro alheio. Pensei em desistir. Ela decidiu não prosseguir e chamou outra anestesista. Novamente pensei em desistir. O José estava longe, não podia segurar minha mão agora por conta da esterelização, mas dali sorriu e acenou com a cabeça pra dar segurança. Veio a outra anestesista, uma senhora enérgica que eu não lembro o nome, mas vou lembrar da voz para sempre. Ela conseguiu de primeira. A outra desculpou-se, disse que não estava bem. O ambiente quase cirúrgico foi desfeito. Eu tinha agora um catéter nas costas e continuava pensando se fiz a coisa certa. A analgesia começou a fazer efeito. Era hora do almoço. Nem me passava pela cabeça comer. Só queria água. Não me foi negada. Despachei o José para comer e fiquei sozinha. Fiquei com a Malu, na verdade. Pedi-lhe desculpas pela analgesia. Disse-lhe que queria recebê-la, queria ajudá-la a nascer e que quando precisasse eu teria força. Teria toda a força. 

Nem sei quanto tempo passou. Daqui em diante, não lembro mais das horas de nada. As coisas começaram a acontecer tão rapidamente. A dose da epidural foi forte o suficiente pra me deixar sem sensibilidade nas pernas. Tinha alguma, mas não conseguia levantá-la sozinha, por exemplo. Lembrei das aulas de preparação, dos exercícios a serem feitos pra ajudar o bebê mesmo com epidural. Pedi ao José que me ajudasse a fazê-los. Lembro que a bolsa rompeu com 6cm. Logo cheguei aos 8cm. A enfermeira Carla (a única que lembro o nome e a que mais me ajudou) ia a vinha animada com o progresso do TP. Malu estava bem orientada, tinha encaixado certinho. Continuamos com os exercícios. 9 cm. Não lembro de mais muita coisa que aconteceu pelo meio do caminho. Sei que em determinado momento, a enfermeira Carla veio e disse “Romana, preciso que, a partir de agora, assim que você sentir a contração, puxe com toda força. Mas a força não é aqui em cima, é lá embaixo. Lembra do assoalho pélvico? Então. É lá”. E assim eu fiz. As contrações não doíam, mas eu sentia a barriga endurecer e empinar. Passei a sentir também uma pressão. Era ela. Estava quase. “Muito bem, Romana. É mesmo isso. Mesmo isso! Você está indo muito bem!”. A pressão aumentava. A necessidade de fazer força. Pedi que colocassem a cama no sentido mais vertical possível. Inclinaram ao máximo. O José não saiu mais do meu lado. A anestesista voltou com a médica. Ouvi um bebê chorando em algum lugar. Ainda não era Malu. “Força, Romana! Força! Vamos lá!”. A cabeça coroou. “Ela já está aqui, Romana. Está quase! Tanto cabelo! Não saiu ao pai”. A cada puxo, o medidor dos meus batimentos ultrapassava 150bpm e apitava loucamente. Tive medo de novo. Achei que não fosse dar conta. Fiz força no lugar errado. Estancamos. Outra contração vindo. “Só mais uma forcinha, Romana! Só mais uma!” “Vai, amor, tá quase”. Segurei nos apoios da cama, respirei fundo, busquei força e puxei. Puxei com toda a força que eu tinha e com a que não tinha. Achei que fosse explodir naquele momento, mas aí ela nasceu. Urrei. Foi libertador. Nascemos. 18H38. “Olha a sua filha!”. Segurei-lhe meio embasbacada, desnorteada. O José cortou o cordão. Ele meio embasbacado, desnorteado. 

Pesaram, mediram e colocaram a fralda logo ali do lado. 3,630kg, 50cm. Apgar 9 no primeiro minuto de vida e 10 aos 5 minutos. Não tardou, ela voltou pros meus braços. Mexia a cabeça freneticamente. Eu ainda não sabia o que dizer. O que tinha acabado de passar ali naquela sala não dava pra ser traduzido assim de imediato. Logo eu, que tinha resposta pra tudo, tinha piada pronta pra tudo, achei melhor estar ali calada ou então sussurrando um “oi filha...”. Meu Deus, eu pari! Eu tenho uma filha!

E estivemos ali os três namoriscando, um bom tempo. Tempo suficiente para a saída da placenta e pra médica fazer a sutura da laceração. Essa, definitivamente, foi a parte mais dolorosa. O efeito da epidural tinha passado ao tempo. Tentaram uma medicação que não adiantou de nada. Foram 6 pontos massacrantes, mas uma vez acabados a enfermeira perguntou se eu queria amamentar. “Peloamordedeus, com certeza!”. Já vestidinha, ela foi colocada ao meu lado, virei e fiquei eu mesma tentando ajustar a pega. E ela mamou. Estávamos juntas de novo, cada uma no seu corpo e no corpo da outra ao mesmo tempo. Só 4 horas depois do parto fui para o internamento. Dei-lhe todo o peito que ela queria, jantei, troquei de roupa e pedi pro José avisar que já éramos 3. Ninguém até então sabia que ela chegaria naquele dia. Já eram quase 23h quando fomos pro nosso quarto e o José para casa. Alojamento conjunto irrestrito durante os dois dias em que lá estivemos. Troquei-lhe todas as fraldas, vesti-lhe todas as vezes. Começávamos ali, de fato.

Ainda tenho um nó na garganta chamado epidural. Não consigo engolir que acabei recorrendo a ela. Acabei por medicalizar o parto e isso me inibiu algumas possibilidades, como a de estar em outras posições e mais ativa. Não vou negar que preciso exorcizar esse fato. Mas ninguém me tira o prazer que foi trazer minha filha ao mundo. Fui capaz sim e ninguém nunca disse que não seria, mesmo com o meu prolapso da válvula mitral. Fui respeitada a cada segundo. Mesmo na cama, fiz o que me foi possível. Ajudei-a e ela ajudou-me, por isso digo que pari e ela pariu-nos. Somos paridos todos os dias desde o tal 31 de agosto. A cada banho dado, fralda trocada, engasgo com leite, corte de unha, vacina tomada, a cada grama aumentada, nós nascemos de novo, eu e José.

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Notícias do mundo de cá

O primeiro abraço

Então, minha gente, rolam boatos nas redes sociais que NASCEMOS!

Pari Malu e ela pariu-nos a nós, eu e José, no último sábado, 31 de agosto, às 18h38 depois de 12h de TP ativo e 40 minutos de expulsivo. 3,630kg e 50cm, um bebê enoooooooooorme para os médicos cesaristas que, amém, não cruzaram o meu caminho. Sim, foi parto normal, mas não natural. O relato, em breve. Ainda estou processando aquele segundo em que a enfermeira disse: “Olha a sua filha” e eu olhei e eu estou olhando enquanto escrevo a vocês. É surreal. Numa tentativa de definir toda a ode desses dias, digo que estou no céu das mães e a vista daqui de cima é qualquer coisa maravilhosa.

Não fosse a laceração de 2º grau e os 6 pontos que levei, estaria dançando louca por aí no ritmo Ragatanga uma vez que meu corpo tem respondido muito bem ao pós-parto. Tanto que me olhei no espelho ontem e tive um relance de como eu era antes de engravidar. Mentindo o José que eu estou muito mais bonita agora. A gentileza deste homem, ela não tem limites.

Nestes dias já sobrevivemos: a duas vacinas, teste do pezinho, primeira noite em casa, primeiro banho em casa, descida do leite (e que descida! Vai dar pra fazer estoque, doar, emprestar...) e reação da Meg. No mais, Malu é uma bebê fantástica, até a hora de trocar a fralda. Aí, meus queridos, o show é completo, com direito a se endurecer inteirinha e berrar como se não houvesse amanhã. Aos poucos, vamos ajeitando a rotina e os horários, exceto o das mamadas porque aqui é livre demanda sendo praticada desde o primeiro minuto. 

Logo eu volto com o relato. Nem acredito já chegamos aqui...

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Confissões de uma grávida trollada

Sim, estou bem grávida ainda. Ainda como quem diz, porque só ontem completamos 39 semanas. Porém, entretanto, contudo, todavia, há muito tempo pipocam recados, inbox, mensagens perguntando CADÊ MALU? Vocês pensam que ela se abala com essa pressão social? Neeem confiança. Vou confessar que tenho minha culpa no cartório por ter soltado por aí que ela viria antes da DPP porque eu estava sentindooooo e não sei o que. Tretas. Não teve lua cheia que fizesse ela sair daqui. Definitivamente estou carregando uma virginiana convicta (Deus me proteja!). Agora tá a torcida do Flamengo ansiosíssimaaaa. Não aguentam mais ver a minha carinha de bolacha, só querem saber se Malu vai ter mais cabelo que o pai.

Achou que o bebê nascia hoje.
Está em falso trabalho de parto há  3 dias
#xatiada #trollada #enganadapelanatureza
Têm sido dias intensos. O meu cansaço atingiu um ponto que eu nem consigo mensurar. Na verdade, ele se alterna com picos de energia que me fazem varrer a casa insandecidamente. Claro que depois dessa, eu e meus 16 quilos a mais (chorem, nutricionistas!) temos que descansar o combo bunda/costas/pernas/vida. Essa semana a coisa degringolou porque eu, que dormia tão bem, tão profundamente, estou em falso trabalho de parto há 3 dias. TRÊS MADRUGADAS. Na primeira vez que aconteceu, rolou aquela felicidade, né? GEIT, É HOJE. NEM ACREDITO! Tentei parecer calma, não fazer alarde, não acordar o José (impossível). As contrações tiveram força suficiente pra me acordar e começaram a acontecer em algo que parecia ser um ritmo. Dorzinha dorzinha dorzinha para. Dorzinha dorzinha dorzinha para. Prevenida que sou, já tinha baixado o Contraction Timer no celular para momentos como esse. Comecei a contá-las. 30 segundos a cada 6 minutos. Olha, parece que vai vingar! Acontece que não saiu daí. Aliás, saiu. Mudou pra 45 segundos a cada 8 minutos (OI?), 33 segundos a cada 17 minutos, etc. Aí eu percebi a trollagem. Aí eu me dei conta da rasteira que o falso trabalho de parto tinha dado na minha boa noite de sono. Realmente as contrações enganam. Se eu fosse mais esbaforida, tinha ido parar na maternidade e provavelmente sido mandada de volta pra casa. Economizamos a viagem. Sei que a brincadeira durou das 4h até as 8h da manhã e tem se repetido toda madrugada no mesmo horário. Depois passo o dia todo como se nada tivesse acontecido. Ok, tenho uma contração ali, outra aculá. Testes e mais testes apenas. Fui relatar o que se tinha passado para o médico, achando que ele ia estranhar, fazer mais perguntas e tal, porém não né? Abriu-me um sorriso e disse: É mesmo isso, menina! O corpo tem que treinar de todas as formas para o que está por vir. Treinar e trollar.

Mas qual a lição podemos tirar da tal fato, coleguinhas? CALMA. PACIÊNCIA. Rolou contração? Relaxa. Nada de sair de casa loucamente correndo pra maternidade porque pode ser alarme falso. Em um sistema tão maluco, podia ser caso de ganhar um “sorinho” na veia pra dilatação “avançar” ou qualquer outra intervenção desnecessária. Nunca é demais se precaver de situações que deem margem à violência obstétrica. Fora que, mesmo em caso de TP verdadeiro, é fato consumado que ele evolui mais fluidamente em casa. O ambiente hospitalar costuma dar uma travada na coisa. Então, nada de desespero. 

Depois de 3 noites seguidas na mesma ladainha, já nem me surpreendo. Cochilo entre uma contração e outra. Da última vez, nem contei os intervalos. Como senti que elas não evoluíam a nível de intensidade, continuava sempre a mesma dorzinha, não me dei mesmo ao trabalho.

Juro como eu tenho mais coisas pra contar, mas to escrevendo aqui sentada numa bola de pilates, quase cochilando e tentando fazer algum sentido. Não tá um cenário muito animador. Vocês me perdoam, né? Juro que volto mais bem disposta, afinal, recebi visita do Brasil que me trouxe o que??????????????????? FLOCÃO PRA FAZER CUSCUZ! E melhor, e melhor: UMA CUSCUZEIRA! Todo piauiense que se preze só precisa mesmo de uma boa dose de sustância fornecida por cuscuz. Fora que foi o maior desejo que tive durante a gravidez, o mais insaciàvel de todos. Sou dessas. #partiucomercuscuzemtodasasrefeições

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

38 semanas: vai, com jeito vai


Antes de tudo, um beijo no coração da Mari que, como ela mesma disse, enverga mas não quebra. Muita luz e muita calma nesse recomeço. Estamos contigo! <3 <3

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Escrevo este post diretamente das profundezas dos pródromos, entre uma contração de Braxton-Hicks e outra. De 3 semanas pra cá, essas danadinhas ganharam uma força que, se antes eu não as reconhecia, agora já sei na hora do que se trata. Para além da barriga dura parecendo um balão prestes a espocar, o meu corpo dita o ritmo da respiração que ele acha conveniente para o momento. Bizarríssimo, né? Sei que nem adianta, tenho que dar umas inspiradas fortes e esperar passar. Anteontem, como elas estavam muito seguidas, decidi marcar. Duração de 45 segundos a cada 10 minutos, mas depois se perderam no tempo e no espaço da irregularidade.

Se faz de forte montando móveis pra chorar de dor nas costas depois: Deus tá vendo


Hoje, com exatas 38 semanas, tem Lua Cheia e tem uma galera PIRANDO achando que Malu vai dar as caras. No meio desse povo, minha mãe, que não dorme mais desde que eu completei 35 semanas. Tenho até evitado ligar pra ela porque sempre atende o telefone meio chorando achando que sou eu diretamente da maternidade. Aí fica o papo:

- Mamãe, se acalme. Vá dormir. Olhe, eu estou calmíssima. Durmo horrores!
- Ô Naruna, vai dizer que tu não tá nervosa?
- Eu não. Tô ótima.
- Rum. Tá. Mas olha. Tô com o celular aqui do lado, do ladinho mesmo. Qualquer coisa, na hora que estiverem indo pra maternidade, me liguem IMEDIATAMENTE.

No último sábado, tive que ir lá mesmo pra ser monitorada, procedimento normal a partir das 37 semanas. Foi aí que conheci o bendito CTG, cardiotoco ou exame das cintas, para os íntimos. Consiste basicamente em amarrarem duas faixas na barriga, uma que mede os batimentos do bebê e a outra que verifica as contrações. Nisso, a enfermeira te dá um botãozinho pra você apertar sempre que o embutidinho mexer. Agora imaginem uma sala à meia luz com 4 grávidas amarradinhas do lado de umas máquinas estranhíssimas, 4 coraçõezitos batendo loucamente porque sim, aquilo era mesmo alto. Sei que dava pra ouvir também quando se apertava no botão e, de repente, aquilo parecia uma competição: que bebê mexe mais. Tinha uma mulher lá que era “ploc ploc” direto! A Malu, obviamente, me trollou e mexeu timidamente, como ela sempre faz em público. O certo é que depois do “videogame”, teve consulta e o que? O toque, exatamente. A médica foi gentil, perguntou se podia fazer. E eu: Faça, faça que eu quero saber a quantas anda esse colo. Resultado: 1cm de dilatação e colo afinando. “Muito bem. Seu colo já está preparadinho para o parto”. Claro que na atual conjuntura, podemos passar semaaaaanas com esse 1cm, mas fiquei saltitantezinha com a notícia que estamos indo no caminho certo.

Exame do cotonete, quem já ouviu falar? Nesse, coleta-se uma amostra do muco vaginal (com o cotonete, por isso o nome) para identificar a presença de uma bactéria marota chamada estreptococo B. É comum tê-la por ali na flora e ela não nos prejudica, mas pode causar infecções ao bebê. Por isso, aqui fazem a análise por volta das 35 semanas. Se o resultado der positivo, implica uma ida mais apressadinha pra maternidade, logo nos primeiros sinais de TP, para que se faça a medicação específica. Falaram sobre isso no curso e eu já tava #chatiada achando que tinha a tal bactéria. Qual não foi a minha surpresa ao saber que sou estreptococos free. AMÉM! Posso manter o meu plano de  ficar em casa o maior tempo possível no dia que a coisa engrenar.

Mala e sacola: semi ok
A minha preguiça...tive que dar um take it easy nela pra poder viver. Viver, leia-se, arrumar o que tava faltando. Finalmente cedi à pressão social e arrumei a famigerada ~~mala~~. A dela. A minha sacolinha está estrategicamente desmontada. Uma atividade pra me entreter quando as contrações de verdade derem as caras. Só fechei a da Malu logo porque envolvia uns apetrechos mais cheios de particularidades. Não me imagino contando contrações e procurando a roupa interior tamanho zero do fatinho verde esperança. Era demais.



Aos poucos, o cantinho dela vai ganhando uma cara. Habemus cômoda! Móvel de adulto, aliás, porque primeiro, os móveis de bebês são caríssimos e segundo, são pequenos. Quanto mais coisa couber em um móvel só, pra gente tá ótimo. Aproveitamento do espaço: trabalhamos. Daí que a cômoda tinha uma cara muito séria e eu já tinha decidido dar uma customizada. Programei comprar uns retalhos de tecido e não sei o que e mais aquilo e coiso. Nada. Junto com o móvel, compramos uma cortina nova pra sala. A bicha ficou grande. Sobrava ali mais de meio metro em cada lado. Cortei, fiz a bainha (mãe! Olha eu aqui cheia de habilidades manuais!) e ganhei retalhos! Resumindo, ficou assim:


Les cestinhos
Tá mais meiguinho do que eu pretendia, mas ok. Fiz o acabamento com fita adesiva, o que me permite tranquilamente tirar o tecido sem prejuízo do móvel e dar-lhe outra cara. Posso ir alternando os retalhos. Olha que tudo! Sobraram mais uns pedacinhos e eu “fiz arte”, como diz o José, com esses cestinhos que eu já tinha comprado pra lhe por produtos de higiene e afins. Olhando assim, tá campestre, tá brejeiro, tá Fazenda da Malu. Financeiramente falando, com 15 eurecas (aproximadamente 45 dilminhas) ganhamos uma cortina, decorei a cômoda e os cestinhos e ainda sobrou ~~ticido~~ pra mais qualquer coisa. Tô pensando, tô pensando....

Le alcofa
Na última das últimas, minha sogra arranjou-nos uma alcofa para os primeiros meses. Pra quê mais amor do que não precisar montar berço agora e ter o bebê do ladinho sem medo de sufocá-lo? Esquema de empréstimos melhor esquema. 

Eu ia falar de mais economias que fizemos em relação ao enxoval, mas vou deixar pro post seguinte. A pessoa some uma vida e depois quer tagarelar mares e oceanos. É puxado.

Falem-me de vocês, das vossas vidas.

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

36 semanas e a preguiça


Sabe preguiça, minha gente? Mas assim preguiça, preguiça aos montes, até de comer? Esta sou eu chegando às 36 semanas, também conhecidas como início do 9º mês. Desde a última postagem, comecei e parei uns 12 posts. Este é precisamente o arquivo paraoblogdefinitivo13.docx tamanha a minha corági. Porééééém, eu e José-José e eu temos aproveitado as últimas férias dele com Malu guardada para morgar no sofá em frente à TV como se não houvesse amanhã resolver pendências. Tipo montar o cantinho da curiquinha (coisa que ainda não foi feita) e arrumar as ~~malas da maternidade~~ (coisa que também não foi). Ok, ok, estivemos nos curtindo e acho que isso também conta.

Saí de casa pra subir escada? É sério isso?

O José. Ai, o José. Merece um post à parte depois porque tenho que costurar bem as palavras pra falar desse homem que elegeu a minha produção de ocitocina como projeto de vida. E isso muito graças às aulas de preparação para o parto, hein! Você jura que ele tá lá assim meio away enquanto a enfermeira fala, mas tem guardado as coisas na cabeça com uma destreza impressionante. Como já disse, a prioridade aqui agora é ocitocina. Portanto, estou proibida de me enervar, estressar, ficar ansiosa e/ou chorar. Qualquer uma dessas situações é motivo pra ele soltar: “Olha lá. Tá produzindo adrenalina. Com adrenalina, não tem ocitocina. Sem ocitocina não tem trabalho de parto. E aí, como fica?” ou então “Amoooor, fica calma. Cadê a ocitocina? Sem ocitocina não tem leitinho!”. Como que fica estressada ouvindo uma coisa dessas? Como que não manda a adrenalina pro caralhaquatro? Também não pode ver uma loja de roupa íntima que é um tal de “Vê lá se não tem sutiã de amamentação”. Outro dia me fez achar uma calculadora específica online pra saber quantas fraldas, em média, o bebê usará por semana. 

- 49. Mais ou menos 49 é o que diz aqui.
- 49. QUÊ? CHIÇA!
- Cadê tua ideia das fraldas de pano agora?
- Ehe...realmente...haja água. Quando ela ficar maiorzita a gente tenta.

Desde então, se fomos ao supermercado e ele sumir, pode ter certeza que está no corredor das fraldas fazendo comparações minuciosas que envolvem peso, quantidade de fraldas, resistência da fralda, avaliações de outros usuários e preço, claro. Um processo complicadíssimo. E ainda tem a intimidade dele com o Kegel. Lembram dos exercícios? Pois. Eu também não lembro sempre. Mas ai de mim se eu não fizer! Nem adianta mentir dizendo que sim, já fiz tudo porque ele fareja a verdade. “Não fez Kegel hoje? Ri, ri. Depois taí chorando porque o assoalho pélvico não tava treinado”.

Falando em Kegel, dica boa. Se vossas senhorias são como eu, indisciplinadas para qualquer exercício em casa, nada como uma ajudinha. Encontrei um aplicativo para Android (não sei se há para as outras plataformas) que chama Max Kegel. Ele funciona como um personal trainer mesmo. Tem lá os níveis todos e ele vai te orientando. Até conta os tempinhos pra você, olha que maravilha. A minha preguiça agradece de tal maneira que nem sei.

Dorzinha nova, quem curte? EEEEUU! Desde a semana passada tem uma cabeça querendo encaixar aqui na minha bacia. Resultado: uma fisgadona da virilha até o joelho de vez em quando. Fora o susto quando a dor vem, rola uma comoção :~~. Com o encaixe, a barriga deu uma descida considerável e ficou mais pesada. Mesmo assim, sou obrigada a caminhar pelo menos meia hora todo santo dia e fazer os exercícios para a pélvis na bola de pilates. Não me lembro de ser assim tão fitness antes da gravidez, o que não me impede de ter ganho 3kg só no último mês. #vaigordinha


São mini cheesecakes, ok? Mini! A culpa dos 3kg a mais não é deles


No mais, Malu mexe e soluça que é uma maravilha, dor nas costas só se ficar em má posição, pés inchados só se passar muito tempo caminhando ou parada, durmo consideravelmente bem, sonho com parto e bebês todo dia, já incluí uma xícara de chá de frutos vermelhos à minha dieta, a partir da próxima semana as consultas passam a ser semanais e na sexta temos a última aula de preparação para o parto. Ou seja, as coisas estão andando. Eu que prefiro estar sentada mesmo ou deitada ou encostada...mas vamos caminhar que tem gente que precisa de colaboração pra nascer.

Ok, ok. Uma foto a sério agora. Vá lá.

terça-feira, 23 de julho de 2013

Um filho e um cachorro: como lidar?



A gente tem se preparado intensamente lindamente loucamente pra receber a Malu. Os cursos, as coisas, a vida. Acontece que andamos nos esquecendo de uma parte importante do processo: e a preparação da Meg? Já citei-a aqui, mas vamos rememorar. Meg é nossa cadela, nossa cadela hiperativa de 8 meses. Uma criança no mundo dos cachorros. Adotamos e poucos dias depois descobri que estava grávida. Assim, cadela e barriga têm crescido juntas em uma convivência afável, mesmo envolvendo uns pisões. Nunca achamos que criança e bebê na mesma casa seria um problema, como de fato não é, mas exige uma preparação.

A Meg demanda muito da nossa atenção porque ela é muito ativa, muito curiosa, come qualquer coisa que estiver pela frente, destrói qualquer coisa que estiver pela frente. Foi acostumada a viver dentro de casa também. Então, está sempre por aqui ganhando festinhas, indo atrás se vamos ao banheiro. É natural que ela vá sentir quando não estivermos, em breve, sempre com a mão disponível pra lhe coçar a cabeça. A minha preocupação é que ela reaja mal à chegada da Malu e que não saibamos lidar com isso. A meu ver, ela já sabe que tem alguma coisa por acontecer porque voltou a fazer xixi fora do lugar que já estava habituada e a compulsão por destruir o que estiver ao alcance...aí, essa não tem limites.

Daí que comecei a investigar, estudar e tentar ver o que podemos ir fazendo para habituá-la. Grande parte das dicas dizem que devemos, aos poucos, diminuir a atenção dada ao cão. Meu coração é muito fraco pra essas coisas, gente. Tadinha da bicha. Acho que eu sou até mais carente que ela.

Enfim, o texto mais sensato que encontrei foi esse: http://www.caocidadao.com.br/artigo/o-bebe-vem-ai-saiba-como-preparar-o-cao/ . E o José, também nas pesquisas, achou a listinha abaixo em meio a compartilhamentos do Facebook:



Mas eu dou super valor a ~~casos de sucesso~~, histórias de gente como a gente que já passou pelo mesmo. Alguém tem pra me contar? Houve preparação do cachorro pra chegada do bebê? Como ele reagiu? Foi tranquilo? Estou aqui de coração e ouvidos abertos. A Meg também.




segunda-feira, 22 de julho de 2013

"Ando devagar porque já tive preeeeeeessa..."


Que tapa na cara de uma pessoa avexada é uma barriga de 33 semanas e 4 dias, né, minha gente? Mar nem que eu quisesse muito conseguiria caminhar com a desenvoltura de outrora. Eu, que reclamei tanto dos turistas lentos no meu caminho. Eu, que já quis uma metralhadora giratória para ir contra quem parava no meio da calçada pra ver vitrine. Eu hoje sou uma dessas pessoas. Não que eu queira mesmo ver as vitrines. Só estou ali disfarçando, tentando reaprender a caminhar sem colocar os bofes pra fora. Meus melhores amigos são cadeiras, sofás, bancos. Aí na hora de levantar, a velha ~~dor nos quarto~~? Faço aquela careta básica e quem tá por ali olha com cara de dó. “A bichinha...toda entrevada”. Entrevada não, meu filho. Tenho uma pélvis cheia de mobilidade aqui, OK? Normal.

~~periguetismo gestacional~~: amo/sou
Voltando à barriga. Ai, essa barriga.
Esses dias, demos uma geral no guardarroupa e eu pratiquei meu esporte favorito: vestir as roupas que eu sei que não me servem mais apenas por motivo de auto trollagem. Nessa, achei uma das minhas blusinhas favoritas e fiquei no espelho admirando o palmo de barriga que ficava de fora. O José com toda a sua sinceridade. “Assim tá gira” “Que gira? Olhaqui a barriga toda de fora” “Ué, mas é bom andar assim no verão e tá mesmo gira”. Ele tinha razão. Foram meses penando debaixo de casacos, chorando pra por um pedaço de braço ao ar livre. Agora que eu podia, por que não mostrar a pança? Todo um investimento em creme gordo e óleo pra ela ficar redondamente escondida nesse calor? Deveria eu ter vergonha do meu maior objeto de amor e magia dos últimos tempos? Lembro de ter lido bem no início da gravidez uma espécie de manual do vestuário da grávida, escrito por uma senhora X que trabalhava numa revista X de moda em Nova York. Entre outras coisas, ela lá dizia que nuncajamaissobhipótese alguma devíamos sair por aí mostrando a barriga porque é cafona. Out of fashion. Inconscientemente, eu meio que adotei o conceito. Andava sempre cobrindo a redondância e comprando blusas que passassem do quadril. Aí eu me pergunto agora. PRA QUE ISSO? Em uma comparação bem ordinária, é como seguir o conselho da delegada da mulher da minha cidade, Teresina, mais conhecida como Terehell: andar sempre de calça comprida pra evitar um possível estupro. Ou seja, esconder-se sob a roupa pra evitar a fadiga. Então eu saí mesmo com a barriga semi de fora e causei. Causei olhares de afeto, olhares de condenação e olhares de surpresa. Nada que eu já não causasse vestida ~~dentro da moral e dos bons costumes~~. Querem saber? Foi libertador. Pança arejada = pança feliz. Temos certas amarras sociais que nem nos damos conta.

No mais, Braxton-Hicks começou a dar as caras fortemente! Já tinha dado, aliás. Eu é que só agora vim me tocar das benditas contrações de treinamento. Isso porque elas andam de mãozinha dada comigo todos os dias. Pra quem ainda tá na dúvida sobre como são as contrações: a barriga fica dura, irreconhecivelmente dura. Rola um mal estarzinho, mas indolor e SEMPRE na região abdominal. Se você sentir alguma coisa na lombar, melhor ficar atenta. No meu caso, sinto um peso na bexiga também e tenho loguinho que ir fazer xixi. Depois disso passa. Melhor coisa a fazer durante uma contração dessas é beber água. Se estiver caminhando, para e dá uma relaxada. Se estiver sentada, levanta e dá uma caminhada. Alerta mesmo só em caso de dor. Caso contrário, faça como eu: elogie o seu útero maravilhoso e saudável se preparando para o parto.

Definitivamente acho que estou grávida de um bebê insone ou de sono muito agitado porque, jesusamado, ela mexe o tempo todo! Mas sabem o que é o tempo todo? É TIPO O TEMPO TODO! Não to reclamando. Acho ótimo. Significa que está muito bem e hiperativa. Mas é que só não sinto mesmo quando to dormindo. Tem horas que ela estaciona numa zona e fica uma espécie de calombinho na barriga. A nós, restam as conjecturas. “Será um pé? Uma mão? O cotovelo?”. Outro dia, apoiei um livro em cima da pança. Vocês acham que ela curtiu? Não, né. Deu um tranco que o livro saltou, literalmente. Até pedi desculpas pelo incômodo. Tadinha. O espaço tá ficando apertado e ela é um bebê no percentil 83. Sejamos compreensivos. 

Ao fim e ao cabo, desejem-me sorte com a preguiça feat. cansaço medonhos que se instalaram no meu corpo. Ainda não arrumei o cantinho dela, faltam os produtos de higiene e ando adiando a arrumação dos nossos tarecos pra maternidade. Tudo a seu tempo, tudo a seu tempo...

Tá tudo passadinho e guardado, mas não resisto <3