quinta-feira, 24 de setembro de 2015

"Tudo certo como 2 e 2 são 5"

"Meu amor, tudo em volta está deserto.
Tudo certo"


De uns meses para cá, tem sido muito difícil assistir aos telejornais e ver algo bom sobre o mundo. Algo que nos faça ter vontade de seguir em frente. Dá um desânimo, uma tristeza. Ter perfis em redes sociais é basicamente ser bombardeado com o desenrolar do que vemos na televisão e mais a ignorância, o ódio, a incompreensão e o que há de pior em nós, nos outros. Fora disso, bem offline e do meu lado, estão aqueles por quem eu sigo e que fazem acreditar que, afinal, nem tudo está perdido.

Enquanto havia tanta coisa a desabar, a Malu completou 2 anos. Fez um dia de sol como queríamos e lá comemoramos do nosso jeito, meio torto. Para ela, foi mais do que suficiente e isso resume tudo. Essa pequena grande pessoa com quem temos o prazer de dividir os dias só tem 2 anos e já é capaz de tantas coisas. Há dias em que ela é capaz de dar mais do que podemos oferecer em troca. Há dias em que, sobretudo com culpa, esforçamo-nos para corresponder. Há dias em que um simples olhar dela faz-nos lembrar que as preocupações parvas podem ser deixadas de lado enquanto conversamos sobre o dia.


Enquanto havia tanta coisa a desabar, a Malu desmamou. Encerramos o nosso percurso com a amamentação de forma pacífica para ambos os lados. Um dia, ela simplesmente acordou e não pediu para mamar. Os dias seguintes foram iguais. Uma noite, ela simplesmente não pediu para mamar antes de dormir. Os dias seguintes foram iguais. Uma tarde, dormimos juntas e, ao invés de pedir para mamar como sempre fazia, deitou-se por cima do meu peito e foi só. Então eu chorei. Não pelo fim, mas pelo começo. A minha menina não mamava mais e mesmo assim era a minha menina. Trocamos olhares, carinhos, lemos juntas ou ficamos só quietinhas. Não perdemos algo que era só nosso, ganhamos mais ainda. Nunca pensei na amamentação como pertença, laço único e exclusivo entre mãe e filho e sabia que acabaria quando tivesse que ser, seja por que motivo fosse. Apenas fui apanhada de surpresa pela constatação do que eu já acreditava: eu e Malu fomos e somos mais do que a ligação que desenvolvemos durante o período da amamentação. 

Enquanto havia tanta coisa a desabar, eu engravidei. Estou em fase de fabricação de uma nova pessoa, com direito a todos os sintomas possíveis e imagináveis. E não deixo de achar paradoxal decidir trazer mais alguém para este mundo tão errado, tão errante. Talvez seja um bocado ilusório achar que esses seres venham para trazer algo de muito bom para nós e para mais alguém. Talvez seja, estupidamente, ainda ter esperança. Talvez seja, pensando apenas no micro, vontade de multiplicar as melhores coisas que temos feito em conjunto. O bebê2 já era por nós esperado, falado, especulado. E veio. E cá está. 

Enquanto ainda há tanta coisa a desabar, seremos 5. Eu, José, Malu, bebê2 e Meg.

6 comentários:

  1. Cá estaremos pronto a ajudar na reconstrução da humanidade, caso necessário. <3 :)

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    1. Reconstrução da humanidade já é mais complicado! hahahaha <3

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  2. Acho que é um pouquinho de todos esses "talvez" aí.. e essa mistura faz a coisa ainda mais interessante e linda! ;)

    Parabéns mais uma vez!

    Beijos

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  3. Que notícia mais linda!
    Parabéns Romana!
    E Malu está linda linda!
    Bjos

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  4. Ai,q lindeza! Euy acredito que as crianças escolhem a familia e a hora em que devem vir!Tenho certeza que este pequeno serzinho vai trazer muito mais alegria pra vcs!
    Muito amor pra vcs aí!
    Bjos enormes meus e do Thomas

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  5. Parabéns pela gravidez, Romana! Tem dias que eu fico também pensando em como esse mundo tá doido. Eu já não vejo mais a timeline do facebook para não ficar chateada. Mas acho justo a gente ter esperança. Temos sim que tê-la. Que o bebe2 traga mais e mais esperança pra você.
    Beijos!

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