segunda-feira, 26 de maio de 2014

Badernação alimentar: primeira temporada

Aí que, né, reuni coragem hoje para falar sobre esse assunto. Hoje = quase 3 meses depois do início dessa jornada cheia de labuta, lágrimas e melecação pela casa.

Eu já nem lembro se antes do início da introdução alimentar tinha aquela coisa chamada "esperança que a Malu seja boa de boca". Se calhar sim porque ela começou a olhar para a nossa comida com os olhinhos cheios de cobiça, começou a colocar sorrateiramente a mãozinha no nosso prato. Na minha cabecinha ingênua ecoavam gritos de "vai ser sucesso, Narunaaa! É TETRAAAA!". Estava eu muito confiante, tinha estudado, tinha consultado a médica, sabia das técnicas, sabia dos paranauês todos da IA, sabia das quantidades, sabia da fórmula ideal da papinha, sabia de tudo. Sabia de nada, inocenteeeeee! Sabia de nada porque menina Malu não se mostrou aberta a novas experiências. Mas vamos começar pelo começo para vocês entenderem e chorarem  comigo.

Uma semana antes da Malu completar 6 meses, comecei a apresentar os novos apetrechos: prato, colher, copo de treinamento e cadeirão. Só de boinha mesmo pra ela brincar e ir se familiarizando (pffffff...cada ideia que passa pela nossa cabeça, viu?). Daí que ela achou aquilo tudo muito colorido e feliz, fiquei empolgada, ordenhei um bocado de leite, coloquei no copo e tentei dar. QUI-LA-RO que ela não aceitou. Ok, don't panic. Foi só um teste e ela não precisa de aceitar o leite fora da embalagem tradicional pra já. Sigamos. Era um domingo chuvoso, tinha essa bebê roliça seus 6 meses e um dia, decidi que era chegado o momento. "José, pega ali uma banana!". Lá veio José com a banana. Dei um pedaço na mão dela e o resto amassei. Pedaço na mão: carinha de nojo. Parte amassada: carinha de nojo ao cubo e desconfiança master com a colher. Rimos, achamos uma graaaaaaaaaça! "Aaaaaaai que tem tanta piada essa carinha de nojo dela". Coitados...mal sabiam...MAL SABIAM...

Então, foram passando os dias e meu plano era o seguinte: como já tinha começado com a banana, daria por 3 manhãs para ver reações, aceitação e tal. A médica tinha me orientado a começar pela papa salgada, mas como eu sou transgressora e meu âmago brasileira achou que ela saborearia muito melhor a fruta, tasquei a banana. Depois passei à pera, mais 3 dias de teste. Malu nem aí pra banana, nem aí pra pera. Passei ao raio da papa salgada, talvez ela aceitasse melhor. O plano alimentar da médica começava com uma base feita de cenoura, batata e abóbora que deveria ser dada durante 5 dias e só então alterada (leia-se adicionar mais algum ingrediente). E lá foi mamãe to-da confiante fazer a papa. Mesmo sabendo que o melhor é amassar com o garfo só, cozinhei os vegetais e passei pelo mixer. "Talvez ela aceite melhor assim, né? hehehehe". Porém não. Vocês não calculam o nojo desse bebê com comida molengatriturada. Deixei ela pegar, colocar a mão e ela passou em todas as partes do corpo, menos na boca. Nessa altura, desenvolveu o seu "gemido de desagrado".  Sempre que não curte a consistência das coisas, ela começa a gemer e joga o que estiver segurando no chão. É ela com o gemido e eu com a minha falta de paciência gritando e tocando tambor na cabeça. Ainda segui mais 3 dias com essa papa amalucada. Um dia, chutei o balde, decidi fazer do meu jeito e apertei o reset. Ia começar de novo, beeeeeem devagar, dando uma coisa de cada vez e só depois misturando. Ok. Cardápio de hoje: batata cozida só com o tal fio de azeite por cima. Amassei com o garfo e coloquei na mesinha do cadeirão. Qual não foi a minha surpresa quando Malu enfiou a mão na comida e levou à BOCA. À BOCA, MINHA GENTE! Não foi ao cabelo, não foi à roupa! O coração encheu de orgulho. "Eu sabia! Era isso mesmo! Tinha que fazer do meu jeito! Mãe sempre sabe das coisas". HAN RAN.

Vou resumir a coisa toda para vocês não me abandonarem. Seguimos razoavelmente bem até os 7 meses e meio, se não me engano. Passei a oferecer as frutas aos pedaços, esquema BLW (Baby Led Weaning, você oferece a fruta/vegetal inteiro ao bebê, ele pega com a mãozinha dele e decide quanto quer comer), e continuei a lutinha com a papa salgada. Como ela foi aceitando gradualmente, já tínhamos a rotina pequeno almoço (mama) - lanche da manhã (fruta) - almoço (papa salgada) - lanche da tarde (fruta) - jantar (papa salgada) - ceia (mama). Lembrando que a mama continuou (continua) em livre demanda, coloquei no ~~menu~~ só a título de orientação. Tudo muito bom, tudo muito bem. Maaaaaaaaaaaaaaaaaaaaas, vieram os dentes. Maaaaaaaaaaaaaaaaaaas, veio a crise dos 8 meses. E desandou tudo, desandou bonito. Eu dava pera, era pera jogada no chão. Dava maçã, era maça jogada no chão. Papinha de grão de bico, cenoura e sei lá mais o quê, chooooooro, dramaaaa. Só banana. Menina Malu só queria banana. Dá-lhe banana! Banana pra lá e pra cá, o que aconteceu? Dá-lhe prisão de ventre! Pela primeira vez, ficou um dia sem fazer cocô. Um dia inteiro. Eu já relembrando a minha vida dramática, de quem sofreu LITROZ com ressecamento. "ô minha filha, tanta malemolência para você herdar da sua mãe, e você herda logo a prisão de ventre???". Mas até que nem precisei recorrer aos métodos de tortura medievais. Fiz massagem e rezei um rosário  e ela fez, mas overdose de banana, nunca mais. Vieram os dentes, os dois de baixo de uma vez. A gengiva superior inchada, gritando, irritação master, tapa na cara da mãe, oceanos de baba pela casa, mas nada de saírem mais. Dias depois, pipoca um terceiro ao lado dos inferiores. Depois que esse benditinho saiu, ela foi sossegando. Status atual: depois de muito chorume no Facebook, no telefone e no ouvido de todo mundo, ela voltou a aceitar as refeições, num ritmo muito menos voraz que muitos bebês, mas olha, a vida já foi pior.

Faço piadinha e não sei o quê, mas foi e continua sendo um bocado desgastante, confesso. O fato de eu colocar energia no preparo da papinha e ela desprezá-la totalmente me deixava completamente frustrada. Criava expectativas e caía tudo por terra. Tive dias de desânimo total, vontade nenhuma de fazer comida pra ela, cheia de negativismo na cabeça. Chorei achando que era minha culpa, pedinchei ajuda no oráculo (mães do Facebook), achei que ela ia ficar subnutrida, que não ia receber os nutrientes todos e ia adoecer e não sei que mais. Drama nessa cabeça. Não que agora eu esteja suuuuper ok e tranquila. Ainda tenho meus dias de culpabilização total, medo de estar fazer tudo errado, todas aquelas tretas. Essa introdução alimentar está sendo um belo quebra-cabeças e não dá pra cantar vitória porque todo dia é um dia. Sei que aprendi algumas coisas, dei n cabeçadas na parede e tenho mudado hábitos positivamente. Na gravidez, jaquei muito, mas era também mais cuidadosa com a alimentação. Nos últimos meses, a ogrice de lactante falou mais alto e tenho abusado. Com a Malu comendo frutas, acabo por comer com ela e isso tem sido um ganho. Ponto pra gente!

E qual a lição deste post, amiguinhos? Não há lição, simplesmente. A introdução alimentar é uma fase muito particular e existem inúmeras formas de começar e continuar. Cada bebê é de um jeito, aceita de um jeito. Eu mesma tenho que repetir esse mantra sempre que a Malu derrama a comida feita com tanto carinho. Você, mãe que está na mesma situação que eu, dá cá um abraço! Um dia eles comem, dizem. Só acho que deviam vender paciência na feira também, just in case, quê que cês acham? Era bem bom praquelas horas em que eles se afundam na cadeira e não abrem a boca nem pra Jesus.

Então assim, pra fechar (que já falei mais que homem da cobra, como diz minha avó), vou deixar não dicas, mas situações dessa nossa lamuriosa introdução alimentar que podem ajudar alguém aí. 

- O cadeirão da Malu é uma herança da prima dela. Não nos preocupamos em comprar. Ok. Lindo. Economia pura. Acontece que o bonito é em tecido e a cobertura não sai pra ser lavada. Só dá pra limpar com um paninho molhado ou esponja e não fica legal não. Vai ser substituído em breve por um mais prático, todo de plástico porque nem adianta ficar neurótica. Rola sujeira mesmo, pedaço de comida mesmo, cuspida mesmo. O negócio é facilidade para limpar depois.

- É visível aos olhos de todos que Malu nunca teve problema de peso. Antes o contrário, iniciou a introdução alimentar acima do peso médio para a idade, porém saudável, uma vez que era apenas amamentada. Mas o fator peso extra, faz-nos ter um cuidado a mais com o que lhe dar para comer. Não damos farinhas, massas, bolachas, a comida não tem sal e não entra nada industrializado no cardápio. Só frutas, legumes, grãos e frango, pra já.

- Babador sempre de plástico, peloamordedeus, porque eu sou o desastre da lavagem de roupa. Obrigada. De nada.

- Quando ofereço os alimentos em BLW, dou sempre num tamanho maior que a mão dela. Fica melhor para segurar.

- Tento me organizar pra dar a comida quando ela está bem disposta e sem sono (nem sempre funciona)

- Sempre que introduzo uma coisa nova, repito por 3 dias seguidos. Medinho de alergia alimentar. Também não misturo duas coisas novas de uma vez só na papa.

- Não costumo insistir muito se ela estiver naquele estado de choro inconsolável. A meu ver, associa a comida à hora da tortura.

- Mesmo quando ela só aceitava a banana, continuei oferecendo as refeições normalmente para não quebrar a rotina (e cortava o meu coração vê-la estragar comida, sério)

- P-A-C-I-Ê-N-C-I-A. Aos quilos, de verdade.



De resto, minhas santas. É dar tempo ao tempo e comemorar cada colheradinha.
Vocês sabem que esse é um post terapêutico e de autoconsolo, né?
Volto logo com assuntos menos sofridos.

quarta-feira, 7 de maio de 2014

(A minha) Maternidade real em fotos

Tá tudo muito bom, tá tudo muito bem, mas realmente...
Realmente não consigo me organizar pra terminar os cinco posts que tenho a meio, minha gente!
Vocês me perdoam? Vocês continuam comigo?
Daí que já que eu não consigo escrever, decidi fazer algo tchiferentchy para comemorar o Dia das Mães. Aqui em Portugal, foi no último domingo, o brasileiro está por vir e tem meu aniversário no meio disso tudo. Sábado estou aí completando 1/4 de século. Mas tá, sejamos objetivos. Dias atrás, uma colega de mestrado me mandou o seguinte link. Uma fotógrafa, mãe de 2, decidiu registrar cruamente seus dias com os filhos. As fotos, pra quem passa por isso todo santo dia, soam muito familiares. Ele me mostrou isso num dia particularmente difícil. A casa estava um caos, a Malu andava muito chateada com os dentes (Simmmmmm! Nasceram! 2 ao mesmo tempo e os dois centrais de cima estão quase saindo também...socorro!), eu estava impaciente, querendo chorar a cada 5 minutos, sentindo o peso do mundo nas costas e, no meio disso tudo, pensei em tirar umas fotos da nossa situação para lembrar no futuro. Abri o Facebook e tinha lá a inbox com o link. 
Então, aproveitei a ideia e decidi "imitar" a mulher ao meu modo. Ninguém é mais original nesse mundo mesmo. Passei uns dias com a câmera a tiracolo fotografando algumas etapas do nosso dia a dia. Aviso que vou imitar sem quaisquer pretensões que não mostrar como eu me viro diariamente sozinha com Malu a um oceano de distância da parentada toda, como somos absolutamente reais, bagunçadas, mas até felizes apesar da desordem. Não sou fotógrafa, a câmera é super básica e meus conhecimentos parcos acerca de luz, planos, composição. Foram enquadramentos afetivo-intuitivos, se vocês me permitem o neologismo. Como entitulei a sessão de "maternidade real", não usei efeitos, não corrigi e nem cortei as fotos. Em algumas, usei o efeito olho de peixe da própria câmera porque quem disse que não há um toque surrealista na realidade?
Feliz Dia das Mães reais a vocês!